NOTA BIOGRÁFICA


Maria Judite de Carvalho é natural de Covas do Douro, Sabrosa, Vila Real.

Publicou POEMAS DA MINHA ANGÚSTIA em 2011, pela Editora Ecopy;

POEMAS DE AMOR E ANGÚSTIA em 2011 pela Editora MOSAICO DE PALAVRAS.

Integrou, as Coletâneas ARTE PELA ESCRITA QUATRO, CINCO E SEIS na forma de poesia e prosa.

Editou em 2013, o livro infantil A SEMENTINHA SOU EU na forma de poesia, Edição de autor.

Integrou os volumes I, II, III e IV das coletâneas POÉTICA - da Ed. Minerva - 2012 a 2014.

Integrou em 2014, 2015 e 2019 a Antologia de Poesia Contemporânea ENTRE O SONO E O SONHO - Vol. V, VI e volume XI da Chiado Editora.

Integrou em 2015, a coletânea UTOPIA(S ) da Sinapis Editores.

Integrou o volume I da Antologia de Poesia e Prosa-Poética Contemporânea Portuguesa TEMPLO DE PALAVRAS – I, II, III, IV e V da Ed. Minerva.

Integrou em 2016 a colectânea TEMPO MÁGICO da Sinapis editores.

Integrou em 2016 a coletânea PARADIGMAS(S) das Edições Colibri.

Integrou a antologia ENIGMA(S) I da Sinapis editores .

Integrou, a antologia ECLÉTICA, I, II, III E IV com coordenação literária de Célia Cadete e de Ângelo Rodrigues, das Edições COLIBRI.

Em 2017 publicou - PEDAÇOS DO NOSSO CAMINHO - na forma de poesia, com fotografias de Jorge Costa Reis.

Em 2019 foi uma das vencedoras do XV Concurso Literário "Poesias sem Fronteiras" realizado e organizado pelo Escritor, Dr. Marcelo de Oliveira Souza e realizada a publicação da Antologia pelo "O CELEIRO DOS ESCRITORES" .

Em 2019 recebeu uma MENÇÃO HONROSA no concurso do VII Prémio Literário Internacional Escritor Marcelo de Oliveira Souza, IWA - Brasil.

Em 2020 publicou - CAMINHANDO SOBRE AREIA - na forma de poesia pela Editora CHIADO BOOKS.

Em 2021 foi co-autora da Antologia - LIBERDADE - publicada pela CHIADO BOOKS.


domingo, 24 de dezembro de 2017

O PAI NATAL E O LOBO

Madeira 2016/2017
MINICONTO DE NATAL

O PAI NATAL E O LOBO


O frio era intenso sobre o Ártico e a Lapónia estava coberta de gelo desde o início do mês de Dezembro.
A noite de consoada aproximava-se e a tarefa da entrega dos presentes, estava a ficar seriamente comprometida, pois o Pai Natal além de ter muita idade, também se encontrava doente com uma tremenda gripe.
Pensando em todas as crianças que esperavam a sua visita, quis ele, com muito custo, dar continuidade à sua missão, para que no dia de Natal, todos os meninos e meninas recebessem os merecidos presentes. 
Embora doente o Pai Natal, saiu de casa, atrelou as renas ao trenó e seguiu seu caminho para dar cumprimento aos pedidos que lhe tinham sido feitos pela pequenada. 
Já ia a meio da viagem, quando começou a tossir sem parar e, impossibilitado de prosseguir, encostou o trenó e fez uma fogueira para aquecer o seu corpo velho, cansado e gelado.
A tosse era muita e dificultava-lhe a concentração na lista extensa de distribuição dos presentes, facto que o obrigou a suspender a viagem e a  permanecer junto da fogueira que tinha feito, até se sentir um pouco melhor.
Foi então que apareceu um lobo e ao ver o Pai Natal a tremer de frio, despiu a sua pele, cobriu-o com ela com ternura e ficou junto dele toda a noite, para lhe fazer companhia.
Quando a madrugada apareceu, linda e brilhante como uma jóia de swarovski e com o sol a espreitar no Nascente, o Pai Natal apressado, despediu-se do lobo, subiu para o trenó, apontou as rédeas das renas e seguiu estrada fora, convicto de que já mais iria esquecer o gesto fraterno daquele simpático lobo. 
Naquela serena noite, a Paz e o Amor existente nos corações dos anjos do Céu, tinham milagrosamente descido à Terra, para ocupar e transformar o coração dos homens e de todas as criaturas do planeta, para que se amassem uns aos outros como irmãos, festejassem o aniversário do nascimento do Mestre Jesus e se fizesse Natal, no coração de todos os seres vivos existentes no Planeta Terra.

Natal / 2017  

Autora : Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor
 

sábado, 9 de dezembro de 2017

O NATAL NO DOURO

Ilha da Madeira 2016/17

CONTO DE NATAL

O NATAL NO DOURO

Na noite anterior ao dia da viagem, a família deitou-se muito cedo mal a tarde escureceu, porque  a estrada até à aldeia era feita pela serra do Marão, o que a tornava difícil, longa e demorada. 
Ainda a claridade dormia despreocupada para lá do Nascente e já a avó, o Santiago e os pais, desciam o elevador apressados para se acomodarem no automóvel e para  darem início à viagem.
Esta viagem iria demorar muito mais tempo do que as viagens das férias do Verão, porque era Dezembro e  a queda da geada transformava o alcatrão numa autêntica pista de gelo, obrigando os automobilistas a diminuirem a marcha das viaturas, para chegarem sãos e salvos ao destino.
Chegados à serra do Marão, Santiago ficou maravilhado. Era tão grande a beleza observada pelos seus olhinhos, que a sua admiração não cabia na sua tão pequenina idade.
Os pinheiros que no Verão eram verdes, estavam brancos da cor dos flocos de neve e com os ramos vergados pelo peso do gelo acumulado sobre eles.
Era uma paisagem de um autêntico conto de fadas, a serra estava toda vestida de branco parecendo uma noiva a caminho do altar.
Santiago, sem conter a alegria de ver tamanha beleza, exclamou:
- Parece um postal de Natal!…
Todos sorriram com um sorriso de confirmação do que acabavam de ouvir.
Durante todo o caminho não parou de fazer perguntas. Como era o Natal na aldeia, se em todos os lares ia haver Ceia de Natal e se todas as crianças iriam receber presentes.
Era um menino muito interessado por tudo o que o rodeava e por sua vez a avó também alimentava a curiosidade do neto com a paciência que todas as avós possuem.
O Santiago gostava de fazer perguntas e a avó orgulhava-se de responder a todas elas.
Fazia-o sem lhe ocultar nada, sempre com veracidade e sem rodeios para não criar confusões naquela cabecinha de criança pensante.
Sem lhe esconder a realidade da vida, respondeu-lhe que nem todas as crianças naquela Noite de Natal iriam receber presentes, porque alguns meninos eram tão pobres, que nem para o pão que precisavam de comer todos os dias para crescerem, os pais tinham dinheiro para lhes comprar.
Depois de muitas mais perguntas e respostas, a família chegou ao seu destino e instalou-se na casa grande da quinta, que os pais tinham herdado dos seus antepassados.
A casa estava quentinha graças a uma grande fogueira que a Maria da Graça, apesar de contar muitos anos de idade e quase todos ao serviço daquela família, tinha feito na lareira da cozinha com um grande tronco de madeira, para aquecer todos os aposentos da casa e os patrões que vinham do Porto.
A sala embelezou-a com ramos de pinheiro e azevinho e colocou num dos cantos uma braseira de cobre dourada, sobre um estrado de madeira em forma octogonal, cheia de brasas coloridas e sobre a mesa de jantar estendeu uma toalha branca de renda ornamentada com um lindo serviço de porcelana da Vista Alegre, que religiosamente era usado em dias de festa.
Na mesa também lá estavam as travessas com a aletria, com as rabanadas, com as fritas de abóbora, os sonhos dourados, o arroz doce, os pinhões e as piasquinhas de madeira para, no fim da ceia, a família se divertir com o jogo do “Rapa, Tira, Põe e Deixa”.
Era um jogo centenário, que todas as famílias do Douro jogavam na Noite de Consoada, enquanto esperavam pela hora da Missa do Galo.
Por toda a casa reinava um cheirinho a canela, vindo das guloseimas natalícias que tinham sido confeccionadas durante a tarde.
O pai tinha chegado muito cansado devido á condução difícil da viagem mas, para que não faltasse nada, entregou uma cesta de vime ao Santiago e pediu-lhe que fosse apanhar o verde musgo, para ambos fazerem o presépio.
O presépio foi feito e a sala, com aquela obra de arte alusiva ao Natal, ficou ainda mais bonita, fazendo as delícias do Santiago.
Depois da ceia, do jogo e já perto da meia noite, a avó e os pais foram à Missa do Galo para celebrarem o nascimento do Menino Jesus e Santiago, ficou em casa na companhia da empregada, à espera da hora para abrir os presentes.
Já com a paciência esgotada de tanta espera, dirigiu-se para o presépio e viu nele depositados uma bola, vários carrinhos de plástico, uma caixa de lápis de cor, uma corda de saltar, um pião de madeira envernizada e uma bicicleta com duas rodinhas na roda traseira para não cair. Estavam ali todos os presentes que tinha pedido ao Menino Jesus.
Ao ver todos aqueles brinquedos, voltou a pensar nos meninos mais pobres e correu a perguntar à empregada, se conhecia alguém que naquela noite não recebesse  prendas.
Maria da Graça olhou para ele e enternecida respondeu-lhe:
- Sim menino… eu conheço…
E levando-o até à vidraça da janela da sala, apontou-lhe uma velha casinha de madeira, enquanto lhe ia dizendo que nela residia um menino da idade dele chamado José, que vivia com a mãe  com muitas dificuldades e privações e provavelmente nem pão e nem sopa teriam tido para a ceia.
Santiago muito triste, subiu ao seu quarto, vestiu um kispo quentinho, enfiou o gorro de lã na cabeça e pegou num saco de plástico onde depositou parte dos brinquedos que estavam colocados junto ao presépio e saiu muito apressado antes que os pais e a avó regressassem da missa.
Já na rua, receoso, ainda hesitou um pouco e pensou em voltar para trás.
O frio gelava-lhe a cara e as mãos, e a escuridão também lhe provocava algum desânimo, mas o sentimento de partilha dominou-o e fê-lo prosseguir. Acompanhado pela luz do luar dirigiu-se para o caminho que o iria conduzir à casa de madeira que a empregada lhe tinha indicado.
Atravessou a rua e seguiu por um campo de terra batida sem iluminação, em direcção aquela pobre casa sem condições de habitabilidade a qual mais parecia um casebre.
Enquanto se dirigia para lá, no caminho encontrou um homem com uma coroa na cabeça que lhe perguntou:
- Para onde vais, meu menino?
Santiago receoso, respondeu-lhe com a sua vozinha trémula:
- Vou para onde as estrelas do Céu me levarem.
Exactamente como eu!… Respondeu-lhe aquela figura real, com a voz serena e ambos continuaram o seu caminho.
Mais adiante surgiu um outro homem vestido de rei, que depois de dar as boas noites, se apressou a perguntar-lhe para onde ele ia àquela hora da noite e Santiago, sem demora respondeu:
- Vou para onde as estrelas do Céu me levarem.
O homem vestido de rei olhou-o de cima a baixo e respondeu- lhe:
- Eu também vou!…
Um pouco antes de chegar a casa do José, surgiu de entre as árvores um terceiro rei que, tal como os dois anteriores, lhe perguntou onde ele ia.
Do mesmo modo e sem se fazer esperar, Santiago repetiu que ia para onde as estrelas o levassem.
Conversa puxa conversa e os três homens quiseram saber como se chamava o menino, mas antes que ele respondesse e porque eram pessoas de bem e muito respeitáveis, disseram-lhe primeiramente os seus nomes.
Um disse que se chamava Belchior, outro que se chamava Gaspar e o terceiro disse chamar-se Baltazar.
Chegado a casa do José, os reis despediram-se e continuaram a sua caminhada e Santiago ficou, bateu à porta do José, mas não obteve resposta porque o menino e a mãe já dormiam profundamente.
A porta não tinha fechadura e Santiago deitou a mão ao ferrolho de madeira que a segurava, abriu-a, entrou e colocou junto da lareira os brinquedos que levava consigo.
Logo depois, sem fazer barulho, dirigiu-se para a saída para voltar para casa antes que os pais e a avó regressassem da missa.
Santiago, durante o trajecto de regresso a casa, não cabia em si de contente, porque tinha dividido os seus brinquedos com um menino que não ia ter presentes naquela noite e que o iria confundir, com o Menino Jesus de todos os meninos.
Natal/ 2017
Autora : Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor










sexta-feira, 24 de novembro de 2017

AFAGOS DO ALÉM

Novembro 2017 - Coimbra

AFAGOS DO ALÉM

 Lá no alto!… Lá bem no alto
O sol se esconde, o luar cresce,
A lua se ruboriza
E destapa a face à vida
Fecunda de dúvidas, de contradições
E de amores desencontrados,
Que gritam no silêncio da noite
Como corações sem abrigo.
E as nuvens… ah as nuvens!…
Essas despenteiam-se
Para tirarem o brilho ás estrelas
E ocultarem as lágrimas
Que caem sobre o vento
De quem sofre em pensamento. 

Lá no alto… Lá bem no alto
As utopias também lá estão
Como se fossem verdades
Para darem vida aos sonhos,
Sonhos que foram abortados
E que á luz do dia 
Sempre se transformam em nada.
Mas o amor… Ah! O amor malogrado,
Oculta-se nas mãos desocupadas,
Nuas, frias, vazias e molhadas,
Como quem tudo teve
E agora nada tem,
Mas como são pertença
De uma alma elevada,
Vão recebendo afagos
Dos espíritos amigos
Que as observam do além. 

02-09-2017
Autora - Maria Judite de Carvalho  
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

QUANDO O MEU INVERNO CHEGAR

Chichén Itzá - México - 2015                                                            Foto de Maria Judite de Carvalho




QUANDO O MEU INVERNO CHEGAR

Quando o meu inverno chegar…
E eu já não tiver forças 
Para amar sem ser amada,
Deixem-me serenamente partir
Acompanhada do meu ser,
Para que eu regresse serena
Á pátria que foi minha 
Antes de eu nascer.

Quando o meu inverno chegar…
Encerrem na minha última morada
Os desgostos e as desilusões,
Para que o frio da vida 
Não me perturbe na partida,
Porque eu quero partir incógnita
Tal qual como vivi
E não quero olhares distantes
Que nada sentiram por mim.

Quando o meu inverno chegar…
Cubram-me com as folhas caídas 
Do meu Outono da vida,
Que silenciosamente 
Vagueiam sem rumo
Vestidas com a cor do tempo,
Ignoradas pelas almas mortas
E pelas nuvens negras que passam
E que encerram janelas e portas. 

Quando o meu inverno chegar…
Sem sol para me sorrir,
Cobram-me com rosas de Janeiro
Sem cor e sem cheiro
E depois!… Depois deixem-me partir.
31-10-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O DIVÓRCIO

Fotografia de Maria Judite de Carvalho
Jardim do Hotel Four Views - Madeira-2016/17

O DIVÓRCIO

As lágrimas nos olhos
São uma constante,
Que descem pela face
Calmas ou velozmente
E o sentimento de amor
É transformado em desamor,
Porque se silenciam as palavras, 
Os afectos, os toques, 
Imobilizam-se os olhares,
Alteram-se os sentimentos 
E da boca… Ah!… Da boca,
Saem apenas ais e prantos.

Da compreensão e da serenidade
Sai um vendaval de vento,
Que espalha dor, raios e chamas,
Da confiança nasce a desconfiança
E a vida que era feliz passou a drama.
Mas num instante…Ah!…Num só instante!…
Um corre apressado e desorientado
Para os braços de outro alguém
E o outro desolado fica só e sem ninguém.

Depois!…Depois a razão acaba por vencer
E de repente!… Não mais que de repente!…
Nasce a tristeza na face do que se fez contente
E alegra-se o triste que vivia tristemente.
E de repente!… Não mais que de repente!…
Faz-se feliz o que sempre amou e era amante
E infeliz o que esqueceu o amor, 
Para viver como um errante.
18-07-2017
Maria Judite de Carvalho - Costa Reis
Reservados os direitos de Autor


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

MINHA TERRA, MEU ENCANTO

Cruzeiro no Douro/ 2015
MINHA TERRA, MEU ENCANTO  

Na espiral do tempo
Nasceu do ventre da terra
Empurrada pelo dorso 
Dum xistoso penedo multicor,
A minha pequenina aldeia
Que à noite as estrelas a iluminam
E de dia o sol lhe dá calor.

Teu olhar fica tão perto
Limitado pelos montes,
De longe ninguém te avista
Nem a tua eterna beleza,
És pequena pequenina
Vestida de verde esperança, 
Onde todos que em ti vivem
São água da mesma fonte
Que não seca e é constante.

Minha terra meu encanto,
Pequena pérola encantada,
Por vales e montes cercada
E pelos curvilíneos vinhedos,
Com cepas rugosas e tortas
Devido a tanta secura,
Te cobres com urze lilás
Prenhe de tanta saudade,
Pelos que partem para longe
E pelos que ficam em amargura.

Oh minha terra velhinha
De quem eu sou filha pródiga
Sem forças para ao teu seio voltar,
Morro longe diariamente 
Fustigada pelos invernos do tempo,
Dum tempo que não quer ser tempo,
Nem tempo para te abraçar.

05-10-2017
Autora - Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

AI SAUDADE!… AI SAUDADE!...


AI SAUDADE!… AI SAUDADE!...

Lá longe!…
Com as lágrimas das flores
Se tecem saudades de todas as cores,
Da cor dos sonhos sonhados
E vê-se um casario velho
Fechado como um império,
Que distribui sentimentos
Sobre o leito de um rio
Que tudo leva para o mar,
Os suspiros das gaivotas,
O voo dos passarinhos,
As penas das pombas mansas
Que tristemente se olham
E choram as nossas lembranças.

Lá longe!…
O Céu veste-se de azul
Saudoso do sol distante
E das nuvens 
Que correm para Norte
Negras de tanto querer,
Nasce a urze nos montes
Que ás vezes cresce bem torta
Para fugir á má sorte
De tão tamanha  secura
E da saudade Deus meu,
Saudade que há tanto dura.

Ai saudade!… Ai saudade!...
Despida de sonhos sonhados
E as rosas enternecidas
Vestem-se de roupa garrida,
Para alegrarem a vida
Que passa aqui a meu lado,
Ai saudade!… Ai saudade,
Ao vê-las assim coloridas,
Cheirosas e perfumadas
Aqui tão perto de mim,
Eu fico enternecida
E peço a Deus que a vida
Não pare de sorrir pra mim.

Ai saudade!… Ai saudade!…

30-07-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

domingo, 20 de agosto de 2017

MINHA MÃE…

Fotografia de Maria Judite de Carvalho    
MINHA MÃE..

Minha mãe eu choro á noite
E rezo por ti de dia,
É no silêncio da noite
Que a dor me faz companhia.

Minha Mãe eu grito a noite,
Porque a vida me castiga,
É em mim que se abrigam
Os sofrimentos da vida.

Minha Mãe eu sofro na noite
Como um barco naufragado,
Que navega com as marés
Nas ondas deste meu fado.

Minha Mãe que me pariste
No meio de tanta dor,
Era inverno e era noite
Apesar do teu amor.

Minha mãe sofro de dia
E choro no escuro da noite
Para ninguém me ver sofrer,
Deixa-me regressar ao teu ventre,
Fora dele não sei viver.
17-08-2017

Autora, Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor

terça-feira, 8 de agosto de 2017

VOLTA PARA TRÁS Ó TEMPO

Foto tirada em Cabo Verde - 2017                                                    Foto de Maria Judite de Carvalho


VOLTA PARA TRÁS Ó TEMPO


Volta para trás ó tempo
Não perpetues o meu sofrer,
Volta até eu ser pequenina,
Quando inocente menina, 
Sentada no colo materno 
Eu esperava crescer.

A vida me foi madrasta  
Me fez incompreendida,
Na curva da minha estrada
Sem amor e sem guarida,
Fizeste de mim amarga
Fizeste de mim mendiga.

Volta para trás ó tempo,
Deixa-me ser pequenina
Não quero mais ser mulher,
Adulta de negro vestida,
Na solidão me perdeste
E no amor que esqueceste
Tornaste meus dias noites
E as noites, noites são,
Na estrada da minha vida
Somaste desilusão.

Volta para trás ó tempo,
Já não sei como, nem onde ir,
Deixa-me ser pequenina,
Voltar a ser a menina
Que de olhar terno e inocente
E de lábios sempre a sorrir,
Via um mundo florido
Com as cores do arco-íris.
10/2010
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor


domingo, 9 de julho de 2017

PRECISO DE AMOR

Foto de Maria Judite de Carvalho




PRECISO DE AMOR


Soltem o tempo, a noite e o dia
E parem os relógios,
Eu preciso de amor!…
De amor persistente e constante
Que a vida teima em negar
E que só em mim persiste
E nos outros se apaga ou não existe.

Destruam toda a carência de amor
Que existe na Terra,
Calem os sons do fado
Que despertam a saudade
E entristecem a existência
Como se o amor fosse um pecado.

Rasguem os poemas de desamor
E os romances de vidas infelizes
Que perturbam as minhas raízes,
Acabem com os espinhos coloridos
Das rosas nos jardins
E com o latir dos animais famintos,
Atirem-lhes com comida 
E sorrisos com abundância,
Para lhes saciar a fome
E a sede de amor
Que os persegue desde a nascença.

Façam-me renascer
Num novo mundo,
Embrulhem-me em lençóis
De amorosa poesia 
E em cânticos felizes
Dos passarinhos nos ninhos,
Tragam-me um berço 
Para me embalar
Com almofadas de afagos 
E lençóis brancos de amor 
Para eu adormecer, 
E depois!…
Depois… deixem-me morrer.


13-06-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de autor

quarta-feira, 5 de julho de 2017

SEM AMARRAS

Rio Arade - Ferragudo                                                                      Foto de Maria Judite de Carvalho

SEM AMARRAS


Soltem-se as minhas amarras!…
Dos traumas, das desilusões
E dos meus medos
Porque eu quero viver liberta.
Hoje acordei resiliente 
Como prisioneira desejando a liberdade,
A poesia enrola-se nos meus cabelos
E banha-se nas ondas do meu pensamento
Para viver para lá do meu tempo,
Dum tempo que teima 
Em não querer ser tempo
E em não me libertar plenamente.

Soltem-se as minhas amarras!…
Porque eu quero ser maré perfumada
Pela maresia da noite,
Da tarde e da  madrugada,
Ou ainda um barco na praia ancorado
Se baloiçando nas ondas 
Ou sobre a areia poisado
E sentir a minha alma ardente
Queimar-me o corpo por fora e por dentro 
Para me fazer florir no Jardim do Eden.
Quero bailar com as gaivotas nas nuvens
Dando gritos à liberdade,
Enfeitada com ramos de rosas e de jasmim
E deixar a maré 
Soltar as amarras de mim.

Soltem-se as minhas amarras!...

16-05-2017
Maria Judite de Carvalho.
Reservadosos os direitos de autor

sábado, 10 de junho de 2017

JÁ NÃO TEMOS PALAVRAS

 Açores - S Miguel / 2016                                                                    foto de Maria Judite de Carvalho


JÁ NÃO TEMOS PALAVRAS
  
Já não temos palavras para serem ditas!...
Foram todas gastas no tempo de espera,
Já não somos pássaros 
Colocando amor no nosso ninho
E já não cantamos em plena primavera.

Meus olhos se cansaram de te esperar, 
Minha boca silenciou o carinho
Que tinha para te dar,
Teu corpo me esqueceu 
E minha alma estremeceu de desilusão,
Porque quanto mais te amava,
Mais de ti, 
Eu esperava.

Nas ruas nuas só encontrava o silêncio
E eu caminhava como mendiga faminta,
Morrendo de fome 
E de tanta desdita,
Depois de muito ter estremecido 
Ao murmurar o teu nome.

Já não temos palavras para serem ditas!...
De tanta espera na desdita,
Já não há dentro de mim
Nada de bom para ti. 



11-10-2012
Poema de Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de autor

terça-feira, 30 de maio de 2017

S. PEDRO DO SUL

Fonte de S. Martinho - S. Pedro do Sul

S. PEDRO DO SUL

Num silêncio prateado,
O dia ...amanhece revigorado,
Para abraçar a noite
Fresca, doirada
E com a missão exacerbada
De embelezar a natureza
Que nasce nos seus caminhos
E o rio, ah!... O rio
Que murmura baixinho
Num abraço solidário,
Solta-se meigamente
Feito afago e feito carinho.

A lua vaidosa e sonhadora,
Tão absurdamente apaixonada,
Baila no Céu de azul pintado 
E espelha-se no rio Vouga
Para exorcizar a saudade
Das conquistas do passado.

As pontes, carinhosamente
Abraçam as duas margens
Num afago maternal
E os montes encantados,
Bucólicos e imponentes, 
Tecem húmidos pensamentos
Dos tempos que já lá vão
E fazem jus à Natureza
Sempre pronta a florir
E a embelezar o rio Vouga,
Sereno e sem medo
Agarrado às raizes,
Parecendo esconder segredos
De reis, vassalos e meretrizes.

Logo pela madrugada
Os pássaros cantam nos galhos
E a Natureza não pára 
Num eterno advir,
Cobre-se de flores coloridas
E gira!…
Gira num movimento imparável,
É bom voltar a São Pedro do Sul
A tão romântico lugar,
De águas sulfurosas e quentes
Que curam os males das gentes
E no banco do jardim 
Ouve-se o mais belo canto
Da água que cai da fonte 
Misturado com o chilrear 
Dos passarinhos
E na cinzenta capelinha
Feita de pedra velhinha,
Silenciosamente se ora
Ao milagroso São Martinho.
S. Pedro do Sul, 01-04-2017
Autora, Maria Judite de Carvalho 
"Reservados os direitos de Autor"


quarta-feira, 17 de maio de 2017

CHORO

Parque Xcaret - México
CHORO

Sim eu choro!
E ninguém ouve  
As minhas lágrimas,
Que caem da minha saudade,
Dum mundo que me negaram,
Da tristeza que me vestiram,
Do amor que me despiram
E de tanto eu ter caminhado
Num mundo tão decepado.

Sim eu choro!
E ninguém ouve
As minhas lágrimas, 
Quando peço um pouco de amor,
De filha, de mãe, 
De amiga e de mulher,
Seja ele de quem for
E venha de onde vier.

Sim eu choro!
Pelas crianças que eu vejo sofrer,
Na espera de crescer.

Sim eu choro!
Pelos idosos sem ninguém
Que esperam por alguém
Que lhe oiça o seu grito,
Sim eu choro!
Choro por mim, choro por ti, 
Pelo amor que é tão negado
Sendo por todos tão desejado. 

Sim eu choro!
E ninguém houve 
As minhas lágrimas…
29-04-2014 "Reservados os direitos de autor" 

quarta-feira, 10 de maio de 2017

HOJE MORREU UM POETA

S. Miguel - Açores (2015)
HOJE MORREU UM POETA

Hoje morreu um poeta!…
Ficou a tristeza mais triste
Chorando a sua despedida,
Confundiu a sua vida
Com os poemas que escreveu,
Ia ao inferno e voltava sempre,
Para escrever poesia
Que da alma lhe saía
Para oferecer ao amor ausente.

Foi criança inocente
Com a cabeça no Céu,
Espalhou amor por todos,
Muito mais que recebeu
E na ponta da sua pena
Suas mágoas ele contou,
Hoje morreu um poeta!…
Cobriram seu corpo gélido
Os versos que cá deixou.

Hoje morreu um poeta!…
O Céu vestiu-se de negro,
O silêncio trovejou,
As estrelas se apagaram,
As nuvens se revoltaram
E as chuvas foram as lágrimas
Que ele por cá chorou.

Hoje morreu um poeta!…
Os seus poemas deixou.
12-01-2012
"Reservados os direitos de autor"
- Maria Judite de Carvalho

sábado, 6 de maio de 2017

ASSIM ME AMAS



ASSIM ME AMAS

Tu me abraças
Quando a minha luz se apaga,
Tu me levantas
Para não desfalecer,
Tu me abraças
Para esquecer  as minhas dores,
Tu me levantas
Para fazeres de mim rainha,
Dando-me um trono
Repleto de amor.

Tu me levantas 
Mais do que eu posso alcançar,
Quando estou triste
Com saudades das estrelas,
Que se apagaram
Numa noite sem luar,
Tu me abraças
E me aqueces com teu calor,
Para que eu viva
Quando estou desfalecida.

Tu me abraças
Quando luto sem vencer,
As turbulentas ondas  
Do meu mar enfurecido, 
Então me olhas 
Com olhos feitos de amor
E me acalmas
Quando minha alma está perdida,
Olhas meus olhos 
E me dizes com carinho,
Amo-te tanto!...
Tanto, tanto... minha querida.
17-11-2016
Autora: Maria Judite de Carvalho-Costa Reis
"Resevados os direitos de autor."

segunda-feira, 1 de maio de 2017

POESIA ADIADA


Foto de Maria Judite de Carvalho
POESIA  ADIADA

Enquanto navego 
No mar do meu peito,
Vou deixando naufragar
Os meus pensamentos
Transformados em versos,
Que se perdem de mim
Por não encontrarem guarida
E assim permanecem
Sem aplausos e esquecidos
No palco sombrio da vida.

Nessa sombra 
Em que se ocultam,
Ficarão para sempre
Retratados num quadro 
De natureza morta,
Aí viverão no silêncio
Dos ruidos abafados
E eternamente mergulhados 
Nas ondas dum mar imenso,
De um mar calmo, ou encapelado.

Cansada!… 
Cansada eu partirei na noite  
Ao encontro da límpida madrugada,
Que seja verde, florida e humedecida,
Porque sou gaivota sem asas
Que na água se espelha,
Que não voa
E que caminha na sombra, 
Na chuva e no vento,
Com os pensamentos 
Em perfeito desalinho, 
Perdidamente perdida
Com a alma semi acordada,
Ou profundamente adormecida.
21-04-2017
"Reservados os direitos de autor"

segunda-feira, 17 de abril de 2017

DESILUSÃO

S.Pedro do Sul 

DESILUSÃO

Um dia... um dia
Pego ao colo o meu carinho,
Abafo-o abafadinho
E coloco-o na prateleira
Do meu esquecimento.

Um dia... um dia
Junto todos os meus sonhos,
As ilusões, os desenganos,
A infelicidade que me abraça,
Os meus desgostos tamanhos
E lanço-os num poço
Escuro e fundo, 
Depois...
Serena e calma 
Esperarei que se afoguem
E que se afundem.

Um dia... um dia
Esqueço tudo  
E renasço de novo 
Numa madrugada,
Vou dentro da minha alma
E queimo as poeiras 
Das minhas ilusões
E transformo em cinzas 
As minhas recordações.

Um dia… um dia,
Voarei como gaivota,
Procurarei um abrigo
Longe em outras quimeras
Pertinho do Céu na Terra,
Para que a minha infelicidade
Seja surda, muda e cega.
24-11-2012
"Reservados os direitos de autor.
Autora Maria Judite de Carvalho 

domingo, 9 de abril de 2017

ABRE-ME A PORTA

S.Pedro do Sul - 2017

ABRE-ME A PORTA

O meu amor é puro,
É suave, é choro errante,
Que desce rios
Límpidos, turvos, 
Calmos ou inconstantes.
Aí quem me dera!…
Aí quem me dera!…
Eu ter vivido
Sem ser chamada,
Para pisar
Duros penedos
Nesta calçada.

Nasci formosa
Simples romã,
Que esperou o Sol
Para crescer,
Aí quem me dera!…
Ser uma criança
E brincar nas nuvens,
Com largos caminhos 
Para percorrer.

Sou um ouriço,
Uma castanha 
Encurralada,
Olhando o mundo
Ora do Céu, ora da Terra
Muito assustada,
Não Te esqueças de mim
Que sou Tua filha
Ó Pai da Vida,
Abre-me as portas 
E as janelas
Da Tua casa, 
Que estou perdida,
Que estou cansada.


S. Pedro do Sul  09-04-2017
"Reservados os direitos de autor."

quarta-feira, 29 de março de 2017

O NOSSO POEMA

México - 2015
O NOSSO POEMA

O reino do meu tempo
É o teu tempo,
Porque traz com ele
O nosso tempo de amar,
O mundo é só nosso 
Meu amor!
Porque o meu tempo
Será o tempo teu,
Ele carrega 
Todos os sonhos
Que eu sorvo 
E que tu sorves,
Para transformar
A nossa vida
Num vasto Céu.

Voo na vida 
Com as asas 
Do nosso tempo,
Semeio sonhos 
Durante a noite 
E a madrugada,
Para colher  flores
Nesse teu sereno peito 
E as cobrir com a seiva 
Que precisam para viver,
Teus olhos são o clarão
Que me ilumina,
Junto de ti
Eu me sinto pequenina,
E o nosso amor
Floresce sem se ver.
29-3-2017
"Resevados os direitos de autor."

quarta-feira, 22 de março de 2017

ESCREVER NÃO ME APETECE

       Foto de Maria Judite de Carvalho                                                                            Rio Arade - 2017                                                                                             

ESCREVER NÃO ME APETECE

Há muito tempo 
Que não faço um poema,
Mas que pena!…
Por que será?
Será que estou adormecida,
Sem sonhos, sem esperança
E sem inspiração,
Ou será que o tempo passa
Quase sem graça?.

É grande 
O desconforto meu,
Olho o mundo
Que se sacode,
Expande e encolhe
E nada!…
Parece que nada aconteceu.

Porque não consigo
fazer um poema?
No meu peito, 
Ah!… No meu peito
O coração não palpita,
Meus pensamentos baloiçam 
Como barcos solitários 
Ancorados na marina,
Mas que sina…
O vento ruidoso me embala,  
Os pássaros 
Silenciam-se nos galhos
Ou se afastam como vadios
E nos jardins… nos jardins
As flores não florescem 
E eu aqui estou silenciada,
Porque escrever...
Escrever não me apetece.

Por que não consigo 
Fazer um poema?…
22-03-2017
"Reservados os direitos de autor."

terça-feira, 7 de março de 2017

COM PENAS NO PEITO

México - 2015                                                                                  foto de Maria Judite de Carvalho


COM PENAS NO PEITO

Pássaro ferido...
Que sofres,
Que penas,
Nesse teu penar,
Coração  partido
Por Deus esquecido. 

És ave sem céu,
Saltitas, não voas,
No Mundo perdido 
De mágoas ferido
Gritas tua dor,
Te arrastas no chão,  
Nos campos sem vida
Feito maldição.

Voar já não podes
Nem sequer sonhar,
És noite sem alma,
És dia sem luz, 
Neste teu penar.

Pássaro ferido...
Vestido de dor,
Com penas no peito,
Sofrendo sem jeito
E morrendo de amor.

Pássaro ferido...
Não encontras caminho
E andas sem destino,
Queres voar para onde?
Qual foi o teu pecado?
Ficaste sem ninho
Porque amaste sozinho
Sem teres sido amado.

30-10-2011
Poema de Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor.