DIGAM NÃO À FELICIDADE
Fechem-lhe as portas
E não a deixem entrar,
Para que não estrague as vossas vidas.
Porque ela é vadia, é inconstante
E quando vem… ah!… Quando vem,
Dá-nos sorrisos, faz-nos promessas
E nos promete ser para sempre.
Depois… depois de estarmos
Habituados a ela,
Abandona-nos e vai-se embora,
Deixando-nos sem tecto,
Sem chão e sem janela,
Porque a felicidade mente...
É leviana, é inconstante
E serve-se da ingenuidade da gente.
Ela brinca, pula, não fede e nem cheira,
Como se a vida de cada um de nós,
Fosse apenas e só apenas
Uma brincadeira.
Proibida seja ela de nos bater á porta!…
Que morra!… E que fique morta!…
Não mais a deixem zombar
Com a vossa cara,
Não mais acreditem nela!…
Porque é louca e quando é generosa,
Dá-nos sempre coisa pouca.
Eu abomino os seus falsos sorrisos,
Porque só trazem lágrimas e saudades,
Saudades do que ficou para trás
Ou por viver.
Ela só gosta de gente com sorte,
Porque consegue prende-la até á morte
E não de gente que nasce sem ela,
Que apenas a vê...
Como coisa inatingível e bela.
Deseja-la... há!... Deseja-la
É um desperdício!…
Conquista-la... é insano!…
Abrir-lhe a porta...abrir-lhe a porta
É puro engano.
A felicidade é somítica,
É inconstante
E não se agarra à gente.
Depois de nos abraçar e iludir,
Sai e nos abandona
E sem sentir saudades,
Desabriga-nos e nos joga fora.
Digam não!…
Digam não á felicidade,
Porque ela…
Ela sempre se vai embora.
25-07-2017
Poema de Maria Judite de Carvalho
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