MULHERES DO MAR
Nas noites de lua cheia,
As mulheres vestidas de negro
Ajoelham-se na areia
E suplicam angustiadas
O abraço e o beijo do regresso
E sussurram baixinho
Com o coração a orar,
Repleto de temores,
Que sentem de ti ó mar.
O luar solidário enviado por Deus
Atenua-lhes o medo,
Afaga-as e beija-as com carinho,
Enquanto ilumina o mar
Como uma jóia de Swarovski
Com o seu brilho,
Mas as mulheres do mar
Que temem a má sorte,
Colocam no peito angustiado,
Um rosário de promessas
E pedem ao deus do mar,
Que não as deixe desamparadas
E lhes traga os seus amores
Que labutam o pão da vida,
No mar alto, feroz e revoltado.
Em noites de lua cheia,
Rezam ao deus do mar
E ao Deus Maior
Ajoelhadas na areia,
Para que tu ó mar...
Não lhes enlutes a vida e o olhar,
Não lhes provoques escolhos
Na vida e no coração,
Com a infelicidade aos molhos,
Ao subtrair-lhes o amor
Que as faz levitar
Em noites de adoração,
Oram por eles e oram por elas
Saudosas em terra,
De coração aflito na espera,
Com o rosto curtido e contraído
Que ao mundo tudo revela,
Revela a saudade, revela o temor
E o triste destino,
Que nasceu com elas.
Ferragudo 19.03.2016
Poema de Maria Judite de Carvalho
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