NOTA BIOGRÁFICA


Maria Judite de Carvalho é natural de Covas do Douro, Sabrosa, Vila Real.

Publicou POEMAS DA MINHA ANGÚSTIA em 2011, pela Editora Ecopy;

POEMAS DE AMOR E ANGÚSTIA em 2011 pela Editora MOSAICO DE PALAVRAS.

Integrou, as Coletâneas ARTE PELA ESCRITA QUATRO, CINCO E SEIS na forma de poesia e prosa.

Editou em 2013, o livro infantil A SEMENTINHA SOU EU na forma de poesia, Edição de autor.

Integrou os volumes I, II, III e IV das coletâneas POÉTICA - da Ed. Minerva - 2012 a 2014.

Integrou em 2014, 2015 e 2019 a Antologia de Poesia Contemporânea ENTRE O SONO E O SONHO - Vol. V, VI e volume XI da Chiado Editora.

Integrou em 2015, a coletânea UTOPIA(S ) da Sinapis Editores.

Integrou o volume I da Antologia de Poesia e Prosa-Poética Contemporânea Portuguesa TEMPLO DE PALAVRAS – I, II, III, IV e V da Ed. Minerva.

Integrou em 2016 a colectânea TEMPO MÁGICO da Sinapis editores.

Integrou em 2016 a coletânea PARADIGMAS(S) das Edições Colibri.

Integrou a antologia ENIGMA(S) I da Sinapis editores .

Integrou, a antologia ECLÉTICA, I, II, III E IV com coordenação literária de Célia Cadete e de Ângelo Rodrigues, das Edições COLIBRI.

Em 2017 publicou - PEDAÇOS DO NOSSO CAMINHO - na forma de poesia, com fotografias de Jorge Costa Reis.

Em 2019 foi uma das vencedoras do XV Concurso Literário "Poesias sem Fronteiras" realizado e organizado pelo Escritor, Dr. Marcelo de Oliveira Souza e realizada a publicação da Antologia pelo "O CELEIRO DOS ESCRITORES" .

Em 2019 recebeu uma MENÇÃO HONROSA no concurso do VII Prémio Literário Internacional Escritor Marcelo de Oliveira Souza, IWA - Brasil.

Em 2020 publicou - CAMINHANDO SOBRE AREIA - na forma de poesia pela Editora CHIADO BOOKS.

Em 2021 foi co-autora da Antologia - LIBERDADE - publicada pela CHIADO BOOKS.


sábado, 11 de julho de 2020

INQUIETAÇÃO NOTURNA

Fotografia de Maria Judite de Carvalho

INQUIETAÇÃO NOTURNA


Durante a noite
Nas insónias que me atormentam,
Poiso silenciosamente meu rosto, 
Cansado e envelhecido,
Olho para trás em tristes pensamentos
O meu tortuoso caminho percorrido
E fecho meus olhos entristecidos
Para os deixar chorar 
No silêncio devagar.

Minha alma desiludida
De tanta dor e de tanta mágoa 
Pelas vidas já vividas e já passadas,
Chora na noite triste inconformada
E um morcego negro
No meu quarto escuro pendurado,
Chora por mim e comigo desesperado
Sem forças para voar de tão perdido,
Porque sente o meu sofrer
Tão desmedido.

E eu louca sem cura e sem remédio,
Me ponho a pensar neste meu fado
Vivido sem amor e tão malévolo.

Oh quanto amor!…
Quanto puro amor
Na vida eu fui doando,
Sem o ter de meu, sempre o doei
Sem saber o porquê e até quando,
Sempre vivi sem amor e sempre amei, 
Nesta vida tão mal fadada e tão ingrata,
A qual para mim não desejei.
28-06-2020
Autora- Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor

quarta-feira, 8 de julho de 2020

FOLHAS DE OUTONO

Fotografia de Maria Judite de Carvalho

FOLHAS DE OUTONO


Eu choro porque existo
E porque minha alma 
Está inconsolável e triste,
Absorvo o mal dos outros
E o meu próprio mal
E porque sou sensitiva
Tudo vivo, vejo, sinto
E me desperta,
Foi Deus que assim me criou
E me fez poeta.

Folhas de Outono
Que no chão sois arrastadas,
Não vos afago
Mas sinto na alma
Esse vosso sofrimento,
Junto-o  ao meu sofrer
Sem um murmúrio,
Sem um queixume,
E sem um  lamento.

Minha indecisão
De morrer ou de viver
Já é tão grande,
Não sei se me imobilize
Ou se apresse o passo,
Só sei que carrego comigo
Todo o frio do inverno
E para me aquecer
Já nada faço,
Porque a vida!..
A vida foi para mim 
 Uma impiedosa madrasta,
Que me matou à fome de amor
No seu regaço.
17-04-2020

Autora: Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O MEDO


Fotografia de Maria Judite de Carvalho


O MEDO


Uiva o lobo perto ou distante
E a noite te sacode
Os sentidos do terror,
O som do medo 
Te assusta e imobiliza 
Para que não saibam que existes,
Porque de ti desististe.

Em cada dia que passa
Temes a força do mar, 
O barulho do ar, a chuva a cair
E o vento a soprar,
A noite que é sempre noite,
O dia que nunca acontece,
A luz do Sol que não te ilumina
E nunca amanhece. 
Temes o agora, o hoje 
E o dia do amanhã,
Temes lavar o teu rosto 
Com a dor que te escorre 
Na tua alma assustada, 
Desiludida e magoada.

A porta se fecha contigo,
Ninguém te ouve 
Ou não quer ouvir
E até as pedras da rua 
Frias e sem afecto
Te deixaram de sorrir.
13-03-2015

Autora, Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

sexta-feira, 5 de junho de 2020

A VIDA NO FEMININO

Fotografia de Maria Judite de Carvalho


A VIDA NO FEMININO




Tapaste as panelas,
Lavaste a loiça,
Estendeste a roupa,
Lavaste o suor
E foste para a cama,
Deitaste-te sobre ela
Sem poderes pensar,
Adiaste os lamentos
E dormiste sobre os espinhos
Sem poderes sonhar.

Acordaste cedinho
E lavaste a tristeza
Na água corrente,
Deixaste ir o medo
Por entre os teus dedos
E ignoras o monstro 
Ao teu lado a crescer,
Sem nada fazeres.

Apesar de ser dia
Atravessas o escuro
E sobes ao muro
Para espreitares
A claridade,
Que tentas prende-la
O mais que tu podes
E ficas a ela 
Muito agarrada.
Segues em frente
Sem olhar para trás
E sem esqueceres
Que a luz é mulher,
Que o Sol também queima,
Que a estrada encurta
E que por isso não importa
Que te fechem a porta,
Porque a curva também é recta
E a reta também entorta.


18-04-2020
Aurora: Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

A LIBERDADE PERDIDA DE MIM

                                                                     
A LIBERDADE PERDIDA DE MIM


               Foto de Maria Judite de Carvalho                                                                         
                      


A LIBERDADE PERDIDA DE MIM


Eu não sou livre!
Nunca eu fui livre!
Mas sempre usei
A minha teimosia
Para durante a minha vida,
Quebrar um grilhão
No meu dia a dia.

Nunca cheguei a ser livre,
Nunca a liberdade me aceitou
E em tudo me rejeitou,
Porque nunca
Quis ser minha
Para não me sentir rainha.

Mas eu…
Eu trago a liberdade comigo
Como um destino vazio,
Porque apesar da muita luta
Soltou-se de mim
E atirou-se ao rio
E eu… pobre coitada
Fiquei na margem parada
Sem ter liberdade nenhuma,
Ali permaneci a observar
As águas turvas que passavam
Mas ela não emergia.
Nuca mais por mim foi vista,
Nunca quis ser minha e eu sua,
Ficou sepultada no fundo,
Por lá criou suas raizes
E por isso não flutua.
19-04-2020
Autora: Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor.


terça-feira, 14 de abril de 2020

CHEGOU A HORA


O momento actual
É de uma enorme grandeza,
Olhem a beleza do Céu 
E vejam como está azul,
Como as estrelas brilham,
O ar está mais suave,
A Terra dorme serena,
Está calma e tem beleza.

É uma lição extraordinária,
O que se passa no Planeta
O Covid19 não mata
As plantas e os animais,
As aves continuam voando,
Os repteis rastejando
E os carros estão parados
E já não circulam mais.
As ruas estão desertas
E as gaivotas em Terra
Dão gritos à sua liberdade
E pela liberdade que sentem
Transformam os gritos em ais.
O silêncio também dá vivas
À chance da nossa dor, 
Porque o nosso isolamento
Chega na hora bendita
De elevarmos o pensamento
E a todos darmos amor.

Chora-se pelos que partem
Porque é grande a enorme perda,
Aos que ficam 
Deus os olha com amor
E diz que é chegada a hora 
Do Planeta se curar 
E do homem imperfeito 
Sua vida transformar.
Abençoado Covide19 
Que poupa os animais
Porque a lição é para o homem
E não é para os demais,
Não tenhas medo de viver
Porque o tempo é de esperança 
Apesar da reclusão,
Vamos aproveitar o momento
Para a nossa transformação.
O rio limpa a sua água, 
O Céu mostra as suas estrelas,
A lua olha o luar,
O ar está  mais puro 
Para podermos respirar,
O espaço que agora nos cobre
É só das aves que voam
E a terra que pisamos
Também é dos animais,
Já não fogem assustados
Daqueles que os não amam,
Os perseguem e os enganam.

É a hora da mudança
E cada um em clausura
Deve aproveitar para pensar
Neste precioso momento
E sua alma questionar,
Sobre a azafama em que vivia
E que de repente tudo parou,
É a chance do Planeta 
De se curar do alvoroço
E transformar o velho Mundo,
Num fraterno Mundo novo.
11-04-2020
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 25 de março de 2020

CAMINHEIRA AGASTADA


CAMINHEIRA  AGASTADA

Hoje com o passar do tempo 
Me fizeram cansada, 
Sou caminheira agastada 
À espera da noite
Para puder repousar e sonhar,
Sonhar com o dia
Que um dia há-de vir
Para iluminar meu chão
E meus olhos fazer sorrir.

O meu Sol… 
Ah!… O meu Sol,
Há muito tempo
Que não sai do poente
E eu vagueio na sombra
Por este mar turbulento,
Ora poiso, ora voo
Como gaivota voando
Sobre o mar encapelado
Sem rumo e sem jeito, 
Que se ri, que chora ou grita
Com penas negras 
Semeadas no seu peito.

Sou caminheira agastada!…
Neste mundo desencantada…
02-06-2015
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

MEU PORTO II


MEU PORTO II

Meu Porto cidade velhinha
Paraíso em movimento,
Na tua beleza contida
De eterna juventude,
Teus anos voam com o vento,
Pareces uma majestosa esfinge 
Que posa em trono doirado
Em elevados pensamentos.

Apaixonada pela tua beleza,
Gaia menina princesa
Te contempla enternecida,
Diariamente oferecida
Com paixão exacerbada
Duma jovem enamorada
Que escreve no seu diário
Lindos poemas de amor
E com ciúmes demonstrados
Receia que a troques um dia
E a faças tu chorar,
Porque o mar… Ah!… O mar,
Ele é tão persistente,
Curioso sempre te espreita,
Bate na Foz descontente
E se enrola oferecido
Numa fúria tão temido,
Suspirando sem parar
E chora, chora um choro salgado
Sempre muito despeitado,
Devido á paixão que nutres
Pela Serra do Pilar.
23-02-2016
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O MEU POEMA

     Foto de Maria Judite de Carvalho


O MEU POEMA


Sou poema sem rima,
Folha de Outono caída,
Pisada feita em pedaços, 
Rosa enjeitada, 
Noite fria sem luar, 
Madrugada humedecida,
Fim de tarde
Sem sol e sem brisa,
Rio sem caudal,
Sou serra escarpada
Da vegetação despida
E por Deus esquecida,
Livro branco
Sem autor,
Minha vida 
Sem sentido, 
Fui usada e não amada,
Viverei incompreendida.
Ano 2010
  


Autora Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor





terça-feira, 15 de outubro de 2019

ACORDO-ME

Fotografia de Maria Judite de Carvalho - o Pinhão.


ACORDO-ME

Acordo-me!
Acordo-me com o ruído do mundo,
Para entrar no barco que sempre me leva 
Ao porto dos contratempos da vida.
Sigo os passos do destino sem ruídos,
Sem queixumes, sem lamentos
E numa tristeza profunda,
Sou levada e transportada
Até ao último reduto 
Do meu pensamento.

Acordo-me e sufoco-me 
Com os olhares, com as criticas,
Com os sorrisos amarelos
Dos que mal me querem, 
Dos que me fecham as portas
Para que minha alma morra
 E fique morta,
Sepultada na noite escura
E sem saberem quem fui, 
Quem sou, ou serei um dia,
Penalizam o meu ser até à agonia. 

Eu nasci com a essência da borboleta nocturna,
Pequena, frágil, fácil de ser esmagada na penumbra
E incapaz de sair do chão, que me suporta e segura.
Sou como a árvore que morre de pé lentamente,
Nascida de uma lenda, de um mito ou dum lamento, 
Sou semente de uma primavera que nunca floriu,
Que ninguém a desejou e que ninguém a  pariu.

Desencarno e reencarno sucessivamente na Terra,
Na procura constante de afecto e de amor,
Quer nesta vida, quer nas anteriores,
Porque sempre vivi e sempre morri 
Em solo agreste,
Com o malogrado destino 
De uma flor campestre.
31-07-2019
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor




segunda-feira, 23 de setembro de 2019

ARDEM OS MONTES


ARDEM OS MONTES

Ardem os montes
Secam as fontes
E as árvores morrem de pé
Vestidas de negro,
Cheirando a morte e a pesadelo.

Rareiam os pássaros e os ninhos
E nas cinzas agonizam os animais
Enquanto pedidos de socorro
São lançados ao vento,
Vestidos de negro e de pranto. 

Detenham os algozes incendiários  
E acabem com a ambição desmedida,
Para que deixem os montes
Serem verdes e floridos
E possamos viver e sermos vivos.

As árvores fazem coro indignadas
Agitam os galhos carbonizados
Que caem inertes sobre a terra 
Enquanto a Mãe Natureza 
Entoa um choro fúnebre,
Chora o luto da morte dela 
E a agonia dos animais sofredores,
Que morreram ou ainda vivem queimados 
No meio de tantos horrores.

A Natureza está morrendo
E o planeta Terra grita e chora
Porque o fim se aproxima da hora.
Secam os rios, ardem os montes
E as fontes deixaram  
De entoar lindas melodias,
Os pássaros já são poucos a voar
E a Mãe Natureza perde o direito de procriar.
O arco íris!… O arco íris se apagou
Devido a tanta secura,
A biodiversidade também se fina
E corre em direcção
Ao fim da vida da vida 
Sem que ninguém a detenha,
Porque ardem os montes,
Secam as fontes, 
Queimam as pedras e as montanhas.
22-09-2019
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor
Foto "Pinhal de Leiria" - Jorge Costa Reis

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O RIO E A LUA

      Fotografia de Maria Judite de Carvalho


O RIO E A LUA


Porque corro tão pobre e tão frio? 
Perguntou o Rio,
- Porque deixei de ser tua, 
Respondeu-lhe a Lua.

A Lua muito chorosa
Com as lágrimas a verter,
Começou a responder
Com o ar altivo de mulher.
E o Rio, o rio continuou:
- Porque motivo Deus meu, 
Se eu tanto te amava
E se sempre eu fui teu?
- E mesmo assim, 
Respondeu a Lua, 
Mesmo assim 
O nosso amor morreu.

Nosso amor foi um pecado? 
Perguntou o Rio, envergonhado…
- Não!…Não foi,
Foi porque eu estava sofrendo,
Disse-lhe a Lua chorando.
- Mas eu ainda te amo,
Admitiu o Rio leviano.
Se me amasses…
Oh! Se me amasses
Todos os dias me dirias,
Disse-lhe a Lua com ironia.

O Rio sorrindo retorquiu:
- Tonta!… Não vias 
Que meu amor era teu?
E como pudeste me amar
Ignorando-me? 
Perguntou-lhe a lua chorando,
- Eu amo sem saber amar… 
Foi assim que sempre te amei, 
Respondeu o Rio a gritar.
- Isso eu sei!…Isso eu sei!... 
Exclamou a Lua sofrida
E por isso muito chorei.

Podemos amar-nos então?
Não!… disse-lhe a Lua,
Porque teu coração 
Se perdeu do meu e eu...
Eu fui-me esquecendo de ser tua.

Como a tua alma já foi minha,
Queres continuar 
A ser a minha rainha? 
Perguntou o Rio á Lua.
Agora não meu amado!… 
Disse a Lua de sorriso escancarado,
Depois do muito que eu sofri? 
Perguntou-lhe a Lua a sorrir,
- Agora não… continuou a Lua,
Porque o muito que eu já sofri
Não quero voltar a sofrer, 
Sendo novamente tua.
24-08-2019

Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor
Foto de Maria Judite de Carvalho
O Porto visto do avião


quarta-feira, 15 de maio de 2019

CRIANÇA SEM-ABRIGO


CRIANÇA SEM-ABRIGO

Menina tão triste de vestes sem cor,
De sapatilhas velhinhas e com falta de amor,
Com os pés magoados arrastados pelo chão,
Caminhas para onde?
És tão pequenina e sem ilusão!..

Vieste ao mundo sem amor e carinho,
Sem berço e sem casa, tão cheia de penas
Que nem um passarinho.
Vestida de pobreza e do mais que te dão,
Criança inocente que sofres de dor,
Com falta de amor e com falta de pão.

Criança triste que dormes na rua
Imaginas-te viajando
Nas nuvens tão fofas perto das estrelas
Sem saíres das pedras e da cama da rua, 
Sem sono acordada
Sonhas com um mundo mais justo
Com um mundo melhor na doirada  Lua.

Ofereces sorrisos e amor que te não dão,
Mendigas o pão… mas que triste sina!…
Vives desamparada sem mãe e sem pai
Com a roupa sem cor  já muito velhinha,
Por ter sido usada por outra menina.

A tristeza te envolve e a fome também
Neste vale de lágrimas de tão triste sina,
Tuas paredes internas… estão em ruínas,
És uma branca rosa de pétalas caídas, 
Teus espinhos não picam
Mas as borboletas se afastam de ti
Porque a tua primavera nunca floresceu,
És flor sem vida seca num jardim,
Não foste criança e mulher tu não és
Mas sofres calada num sofrimento sem fim.

12-4-2019
Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

Fotos da Net - Desconheço os autores


quarta-feira, 17 de abril de 2019

OS OVINHOS DE PÁSCOA

Foto de Maria Judite de Carvalho

OS OVINHOS DE PÁSCOA

Conta a lenda…

Que num pequeno lugarejo 
Pertinho de uma aldeia,

Numa casa pequenina

Feita de pedra e madeira,

Vivia uma velhinha,

Um coelho e uma galinha.

A galinha branca e preta
Nas penas era malhada,
O coelhinho era branco
De orelha levantada,
Como era inteligente
Quando a galinha punha o ovo 
Sua dona ele avisava.

Por sua vez a velhinha
Numa cesta os guardou,
Foram tantos, tantos ovos,
Que até á Páscoa juntou.
Sem saber o que fazer
A tantos ovos guardados,
Perguntou ao coelhinho:
- Que faço a tantos ovinhos?
O coelho que era esperto
E sonhava ser pintor, 
Prontamente lhe respondeu:
- Vamos pintá-los com cores 
-E depois?…Depois,
Espalhamo-los no monte
Pelas arvores com ninhos 
E na Páscoa serão encontrados
Por alguém que tenha sorte
E mereça um presentinho.
                                                                                                       Páscoa de 2018  

UM POEMA DA MINHA AUTORIA 
PARA O MEU NETINHO SANTIAGO

Autora - Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

sábado, 23 de fevereiro de 2019

DESASSOSSEGO



                         Fotode Maria Judite de Carvalho                                                        México




DESASSOSSEGO


Vai  meu amigo…
Vai e deixa-me em paz,
Vai-te embora
Pelo ar, por terra
Tanto me faz,
Liberta a minha alma
Que prisioneira a trazes,
Cativa e atormentada 
Nesta caminhada.

Fecho meus olhos 
Á lua sonhadora,
Porque desde o dia em que nasci
Sempre me instigou a sonhar e a desejar,
Te desprende desassossego de mim!…
Não sejas tão persistente,
Lembra-te que tenho alma 
E um coração de gente,
Que se cansa e que adoece
Com tão tamanha ansiedade
Pelo que está para vir,
Porque um dia!…
Um dia desassossego
Me farás cansar
E da vida desistir.
11-03-2018



Autora, Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O FRIO DO NATAL

Hotel do Bussaco 
O FRIO DO NATAL

Hoje é Natal!…
Hoje mais do que nunca
Estou tão só…
Já não vejo a branca neve 
Cair sobre a Terra,
Sobre os jardins
E sobre os coloridos dióspiros,
Como nevava Deus meu!…
E eu gostava… gostava
Porque era pura e inocente
E com a neve branca e fria
Eu brincava
E para todos sorria.

Sorria para a vida,
Sorria sem sentir frio
E porque eu era jovem…
Com a neve eu brincava 
Cheia de ilusões e de sonhos
Que eu inocente sonhava. 
Mas os sonhos...os sonhos
Se desfizeram
Com o tempo e com o frio, 
Foram levados na corrente
Da enxurrada de um rio.

Hoje é Natal!…
Hoje eu sinto muito frio...

25-12-2018
Reservados os direitos de Autor.
Autora: Maria Judite de Carvalho

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

RECORDAÇÕES DE NATAL


RECORDAÇÕES DE NATAL

O Sol pôs-se no Poente e em casa, o fogão da cozinha não se apagava.
A chama do gás elevava-se num clarão dourado como nunca tinha acontecido nos anteriores dias do ano e todos se moviam numa azafama tamanha para preparar a festa natalícia, a festa anual da família. 
As famílias nessa época eram muito numerosas e todos os anos se reuniam na noite de consoada à volta da mesa, para festejarem o nascimento do Menino Jesus.
As ruas eram enfeitadas com iluminações eléctricas muito coloridas por conta da autarquia e dos comerciantes locais e ouviam-se nelas músicas alusivas ao Natal, para alegrar mais ainda a alma de quem por elas passava. 
O mês de Dezembro era e é, o mês mais bonito do ano. É por si só, um verdadeiro presente natalício. 
As noites e os dias eram muito frios e húmidos e à noite o luar prateava toda a Terra. O cheiro das castanhas assadas nas ruas, com o vendedor fazendo-as saltitar no fogareiro de barro, faziam crescer a água na boca dos transeuntes e as montras recheadas de coisas bonitas e boas, maravilhavam os adultos e as crianças e convidavam-nos para a grande festa de Natal. 
A neve... a neve que frequentemente cai nesta época do ano, sobre as árvores e sobre a relva dos jardins em forma de flocos, pareciam pétalas de rosas brancas que caiam do céu e faziam vir à memória imagens fantásticas iguais às imagens dos contos de fadas, contados pelos adultos à criançada porque, nessa época, não existia televisão, computadores e nem a net recheada de informação, jogos e outras diversões.
Na Noite de Consoada em todos os lares se jogava ao Rapa, Tira, Põe e Deixa, com os familiares presentes e em uníssono todos se divertiam.
Todos se vestiam com a melhor roupa que tinham em sinal de festa e depois da ceia, ía-se  assistir à Missa do Galo.
Com esta vivência tão inocente e modesta, as crianças da época eram felizes, mesmo quando o frio era muito e a roupa sobre o corpo era pouca e de má qualidade térmica, incapaz de fazer frente ao frio gélido do Inverno.
Cresci neste ambiente e tornei-me num ser humano forte e resiliente, incapaz de me deixar vencer palas contrariedades da  vida.
Aos meus filhos quis transmitir-lhes a mesma força, a mesma alegria de viver e os mesmos valores que me tinham transmitido e eu tinha adquirido enquanto criança.
Antes que eles crescessem e abandonassem a inocência que os envolvia na época natalícia, quis fazer daquele Natal, um natal muito especial. 
Temia, que no ano seguinte com o aumento da idade deles, com a entrada para a escola primária e com a transformação a que iam estar sujeitos, perdessem a  inocência que os envolvia no Natal. 
Depois de preparar a ceia tradicional com as batatas, o bacalhau, os doces, e de colocar o melhor serviço de jantar na mesa, sobre uma toalha dourada com os guardanapos vermelhos e um grande centro de mesa feito com ramos de pinheiro, flores e azevinho, para embelezar mais ainda o ambiente festivo da ceia de Natal, decidi também fazer algo diferente que, até ali, nunca tinha feito. 
No fim da ceia, para ajudar a passar o tempo que faltava no relógio para dar as badaladas da meia noite, comecei por lhes contar como eram os meus natais quando eu era pequenina.  
Então disse-lhes : 
- Quando eu era pequenina, numa noite de Consoada abri a janela da sala para ver a lua, o luar e as estrelas. 
A noite estava luminosa e linda, a Lua sorridente espalhava os seus cabelos prateados e dourados sobre a Terra e as estrelas brilhavam muito, brilhavam como se estivessem a iluminar uma grande árvore de Natal... a árvore dos anjinhos do Céu.
Era uma noite muito especial em todos os lares do Planeta.
Ao longe...lá muito longe, avistei o rio Douro serpenteado e lento devido ás barragens que lhe acalmaram a ferocidade que tinha, caminhava barrento porque as chuvas do Inverno tinham sido muitas e tingiram a sua água da cor do bronze e da cor do barro.
O planeta Terra estava em festa para comemorar o nascimento do Rei Salvador.
Ao olhar para o Céu, vi por cima de uma casa distante, um trenó puxado por seis renas, com um motorista bastante velhinho e de corpo muito volumoso, com umas reluzentes bochechas e com as barbas longas e brancas devido à sua grande idade.
O frio parecia não o sentir, apesar da noite estar gelada e com a neve a cair com abundância. O Pai Natal gritava, gritava muito com as renas:
 -  “ Vamos Maria!… vamos Eufrázia!… Que ainda temos muitos lares para  visitar.” 
O motorista vestia um fato de lã, muito quentinho e de cor vermelha e as renas estavam cobertas com mantas sobre os costados e mostravam-se  preocupadas e apressadas, porque ainda tinham que visitar todos os meninos e meninas que se tinham portado bem durante o ano. 
O velhinho puxava  com muita força e avidez as rédeas do colorido trenó cheio de presentes de todas as cores e tamanhos. 
Ainda esperei que alguma prenda caísse pela minha chaminé, porque com muitos dias de antecedência, eu tinha colocado o meu sapatinho mais velhinho num canto da cozinha, para não incomodar a cozinheira que diariamente preparava as nossas refeições. Mas nada!… Não caiu nada… porque ainda não era a hora de passar na minha rua. 
Apesar de muito admirada com aquela visão, eu soube naquele preciso momento que era o pai Natal.
Fiz uma pausa… mas os meus filhos na sua imensa inocência não contrariaram em nada as minhas afirmações e nem fizeram perguntas para não haver perda de tempo. 
Estavam mais atentos a todos os ruídos que pudessem anunciar a chegada do Pai Natal, do que ouvirem a história da minha infância.
A ansiedade de receberem os presentes também lhes apagava todo o interesse pelo meu conto.
Como não se mostravam minimamente interessados, tive que abreviar o fim da história para dar início à minha ideia especial e inovadora daquela noite.  
A meia noite também se aproximou e quando o sino da torre da Igreja da Régua, deu as doze badaladas, alguém que estava na sala sentado à mesa, sem se denunciar, puxou o fio que estava preso à tampa de uma  panela poisada propositadamente, sobre a grade do fogão, para que a queda fosse grande e o impacto com a tijoleira do chão fosse também grande e provocasse muito barulho.
A tampa caiu e fez um estrondo que se ouviu na sala onde todos permanecíamos sentados à mesa. 
As crianças, num misto de medo e alegria, agarraram-se ao assento da cadeira e com os olhinhos muito abertos exclamaram:
- É o Pai Natal!… É o Pai Natal!…Ele chegou!… Ele já chegou...
Depois de se acalmarem um pouco, correram para a cozinha em direcção às prendas e, ao verem os presentes que os esperavam, os olhinhos de cada um deles brilharam de alegria e satisfação como se fossem dois faróis ligados à corrente eléctrica. 
Eu não sabia se seria a última vez que iria ouvir a célebre promessa anual ditada pela boca daqueles inocentes, mas mais uma jura espontânea foi feita naquela noite, de que iriam ser sempre bons meninos  todos os dias do ano e que iriam amar sempre os pais, a família, as pessoas e os animais, para terem a visita e os presentes do Pai Natal, em todos os Natais de suas vidas.

4-12-2018
Reservados os direitos de Autor.
Autora: Maria Judite de Carvalho  

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DESEJO DO DESTINO


DESEJO DO DESTINO

Depois de atravessarmos 
Um denso nevoeiro,
Viajamos do infinito 
Ao encontro um do outro,
Trocamos ideias e damos as mãos,
Dissemos palavras tão loucas
Que para nós eram sempre poucas,
Eram meigas, eram envergonhadas
E em fantasias arquitectadas.

Das nossas bocas!… Oh!…
Das nossas bocas
Saiam palavras sentidas, 
Românticas e quentes,
Simples e constantes,
Que oferecíamos um ao outro
Nascidas nos delírios dos carinhos
E os dias!… Os dias,
Se iluminaram 
E no amor progrediram, 
Enquanto perdiam a cor cinzenta,
Das violetas e dos lírios.

Depois! … 
Depois realizamos fantasias
Como se o tempo 
Quisesse deixar  de ser tempo
Para nós dois
E em lençóis feitos de amor,
De odores e fantasias,
Fomos ficando…ficando…ficando,
Abraçados um no outro
Como o destino queria.

31-05-2018
Reservados os direitos de Autor.
Autora: Maria Judite de Carvalho da Costa Reis