NOTA BIOGRÁFICA


Maria Judite de Carvalho é natural de Covas do Douro, Sabrosa, Vila Real.

Publicou POEMAS DA MINHA ANGÚSTIA em 2011, pela Editora Ecopy;

POEMAS DE AMOR E ANGÚSTIA em 2011 pela Editora MOSAICO DE PALAVRAS.

Integrou, as Coletâneas ARTE PELA ESCRITA QUATRO, CINCO E SEIS na forma de poesia e prosa.

Editou em 2013, o livro infantil A SEMENTINHA SOU EU na forma de poesia, Edição de autor.

Integrou os volumes I, II, III e IV das coletâneas POÉTICA - da Ed. Minerva - 2012 a 2014.

Integrou em 2014, 2015 e 2019 a Antologia de Poesia Contemporânea ENTRE O SONO E O SONHO - Vol. V, VI e volume XI da Chiado Editora.

Integrou em 2015, a coletânea UTOPIA(S ) da Sinapis Editores.

Integrou o volume I da Antologia de Poesia e Prosa-Poética Contemporânea Portuguesa TEMPLO DE PALAVRAS – I, II, III, IV e V da Ed. Minerva.

Integrou em 2016 a colectânea TEMPO MÁGICO da Sinapis editores.

Integrou em 2016 a coletânea PARADIGMAS(S) das Edições Colibri.

Integrou a antologia ENIGMA(S) I da Sinapis editores .

Integrou, a antologia ECLÉTICA, I, II, III E IV com coordenação literária de Célia Cadete e de Ângelo Rodrigues, das Edições COLIBRI.

Em 2017 publicou - PEDAÇOS DO NOSSO CAMINHO - na forma de poesia, com fotografias de Jorge Costa Reis.

Em 2019 foi uma das vencedoras do XV Concurso Literário "Poesias sem Fronteiras" realizado e organizado pelo Escritor, Dr. Marcelo de Oliveira Souza e realizada a publicação da Antologia pelo "O CELEIRO DOS ESCRITORES" .

Em 2019 recebeu uma MENÇÃO HONROSA no concurso do VII Prémio Literário Internacional Escritor Marcelo de Oliveira Souza, IWA - Brasil.

Em 2020 publicou - CAMINHANDO SOBRE AREIA - na forma de poesia pela Editora CHIADO BOOKS.

Em 2021 foi co-autora da Antologia - LIBERDADE - publicada pela CHIADO BOOKS.


terça-feira, 30 de outubro de 2018

CÂNTICO CINZENTO

Palácio de Cristal -  PORTO.                                                                 Foto de Maria Judite de Carvalho

CÂNTICO CINZENTO


Nunca tive tempo para mim,

Porque sempre o ofertei aos outros

E quanto mais eu dava à vida,

Mais a vida me exigia

Sem dó pela minha fadiga.


Os anos passaram e agora!…

Agora olho para eles Cheia de cansaços

E cruzo com lentidão os meus braços,

Demonstrando os meus cansaços.


Já não canto cânticos tristes e cinzentos,

Cheios de contrariedades e lamentos,

A minha glória, é ter vontade própria

Igual à que tive quando nasci

E no peito da minha mãe

Me alimentei do seu leite

Para crescer e estar aqui.


Agora nada faço

Que contrarie a minha vontade

E para não ter que calar o meu Eu,

Deixo a minha submissão 

Colocada numa prateleira

E ergo à minha decisão 

Uma bandeira,

Porque agora!…

Agora que o tempo passou,

É a minha vontade, 

A minha vitória

Que está dentro de mim

E mesmo que me digam, 

Não vale a pena

Não caminhes por aí,

Eu prontamente respondo,

Para mim… 

Para mim sempre vale a pena,

Porque eu quero assim!…


5-07-2018


Autora: Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

sábado, 22 de setembro de 2018

AMO-TE SEM SABER PORQUÊ

Buddha Eden -  3/9/ 2017 
AMO-TE SEM SABER PORQUÊ

Não és a minha liberdade,

Ela ficou á minha espera
No outro lado da porta,
Mas que importa!…
Não és o sol, nem a noite e nem o dia,
Mas eu te amo 
Entre a sombra e a luz do dia,
Enquanto minha alma profetiza.

Amo-te como a planta que não floriu,

Mas graças a ti…
Vive em mim 
O amor colorido, sereno, embriagante
Como o denso aroma
Em plena Primavera,
Que perfuma a minha vida
E perfuma toda a Terra.

20-09-2016
Autora: Maria Judite de Carvalho ( Costa Reis)
Reservados os direitos de Autor

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

PERDIDOS DO AMOR

Curia - 8/2018
PERDIDOS DO AMOR

Na esquina do lado
Entre quatro paredes,
Olhei para ti
E tu ansioso
Olhaste para mim.

Fingindo-nos indiferentes
Com a grande surpresa, 
Foi para nós dois
Um enorme prazer
De recordações,
Afinal éramos nós
Ali encontrados
A oferecer corações.

Eu estava sozinha
E tu também estavas,
Pensando em amar
E em querer ser amados,
Perdidos do amor
E de um pelo outro,
Os dois muito perto
Na esquina do lado
Mas tão longe…
Um do outro.


29-03-2012
Autora, Maria Judite de Carvalho - Costa Reis
Reservados os direitos de autor

sexta-feira, 6 de julho de 2018

DÓI-ME A VIDA….


Jardim da Ordem dos Médicos - Porto / 2018

DÓI-ME A VIDA….

Dói - me a vida…
Sempre me doeu a vida,
Por ter vindo ao mundo
Mal fadada e mal amada,
Desde o dia em que nasci.

Tudo em mim é antigo,
Nunca encontrei uma jangada
Que me transportasse
Para o outro lado
Bem longe de mim.

Fui criança triste,
Jovem insegura,
Adulta ausente 
Dos que viveram
Ou vivem a meu lado,
Sou idosa sem chão
Vestida de cinzento,
De mãos vazias
E de alma cativa e fria
Empurrada pelo vento,
Para ir ao encontro
Dum destino desencantado
Feito sem luz  e sem estrelas,
Sem estrelas…
Que me iluminem o caminho
E me fadem o destino
Para que eu 
Possa vê-las.

Reservados os direitos de autor
23-03-2018

quarta-feira, 20 de junho de 2018

O MEU RETRATO




O MEU RETRATO


Eu já não sou mais
Quem fui,

Não dei conta

Da mudança,

Meu rosto 

Não é o mesmo, 

Minhas mãos 

Velhas e cansadas,

Demonstram bem

A diferença.


Meus olhos tristes

E sombrios,

Já não são

O que foram antes,

Eram dois enamorados

Que te seguiam 

Como amantes.


Na espera 

De os amares,

Eu não dei 

Pela mudança,

Foram ficando velhinhos

Cansados 

De te esperar.


Eu já não sou mais 

Quem fui! …

05-11-2012





05-11-2012
Reservados os direitos de Autor.
Autora. Maria Judite de Carvalho 

segunda-feira, 4 de junho de 2018

MÃE A TEMPO INTEIRO

Fim de Ano na Madeira-2016/2017
MÃE A TEMPO INTEIRO 

Decidi ser mãe a tempo inteiro!…
Mãe para sempre, sem olhar á saudade
Da minha liberdade.
Mas agora meu filho...
Agora tenho saudades coloridas,
Muito coloridas no meu peito,
Dos teus sorrisos, dos teus choros,
Da tua pele e dos teus odores,
Que me ajudaram a suportar
O meu cansaço e as minhas dores.

Por ter decidido 
Ser mãe a tempo inteiro,
Eu deixei tudo…
Deixei a liberdade á porta
Transformada em poesia,
Esqueci o vento, a chuva e o frio  
Que nos meus invernos
Engrossavam o meu mar e o meu rio. 

Mas mesmo assim meu filho...
Decidi ser mãe, 
Mãe a tempo inteiro!…
Para quando tu cresceres
Dares-me alguns dos teus carinhos
E chamares-me mãe baixinho
Com ternurinha na voz,
Para enquanto viva eu for
Iluminares o meu caminho
Com a luz do teu amor.
07-06-2014 
Poema de Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor.

sábado, 5 de maio de 2018

DIGAM NÃO À FELICIDADE


S.Pedro do Sul - Maio / 2017



Digam não à felicidade
Fechem as portas e não a deixem entrar
Para que não destrua as vossas vidas, 
Ela é vadia, é inconstante e quando vem… 
Ah!… Quando vem dá-nos sorrisos, 
Faz-nos promessas 
E nos promete ser para sempre.

Depois, depois de estarmos habituados a ela 
Abandona-nos e vai-se embora,
Deixa-nos sem tecto, sem chão e sem janela
 Porque a felicidade mente, 
É leviana, é inconstante 
E serve-se da ingenuidade da gente.
Ela brinca, pula, não fede e não cheira, 
Como se a vida de cada um de nós
Fosse apenas e só apenas uma brincadeira.

Proibida seja ela de nos bater à porta!…
Que morra!… E que fique morta!…
Não mais a deixem zombar com a vossa cara, 
Não mais acreditem nela!…
Porque é louca e quando é generosa 
Dá-nos sempre coisa pouca.
Eu abomino os seus falsos sorrisos, 
Porque só trazem lágrimas e saudades,
Saudades do que ficou para trás ou por viver, 
Ela só gosta de gente forte e com sorte 
Porque a consegue aprisionar até á morte
E não de gente desafortunada que nasce sem ela
E que apenas a vê 
Como coisa inatingível e bela.

Deseja-la é um desperdício… 
Conquista-la é insano…
Abrir-lhe a porta… ah!…
Abrir-lhe a porta é puro engano,
A felicidade é somítica, inconstante 
E não se agarra á gente, 
Porque depois de nos abraçar e iludir, 
Sai e nos abandona
E sem sentir saudades, 
Desabriga-nos e nos joga fora.
Digam não!… Digam não á felicidade, 
Porque ela… ela sempre se vai embora.

25-07-2017



Autora: Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de autor


quarta-feira, 11 de abril de 2018

ASSIM ME AMAS

2017:04:24 

ASSIM ME AMAS

Tu me abraças
Quando a minha luz se apaga,
Tu me levantas
Para não desfalecer,
Tu me abraças
Para esquecer as minhas dores,
Tu me levantas
Para fazeres de mim rainha,
Dando-me um trono
Repleto de amor.

Tu me levantas 
Mais do que eu posso alcançar,
Quando estou triste
Com saudades das estrelas
Que se apagaram
Numa noite escurecida,
Tu me abraças
E me aqueces com teu calor
Para que eu viva
Quando estou desfalecida.

Tu me abraças
Quando luto sem vencer,
As turbulentas  ondas
Do meu mar enfurecido, 
Então me olhas nos meus olhos 
Com olhos feitos de amor
E me acalmas
Quando minha alma está perdida,
Olhas meus olhos 
E me dizes com carinho,
Adoro-te tanto!.. 
Tanto… tanto… minha querida.

17-11-2016
Autora: Maria Judite de Carvalho da Costa Reis
Reservados os direitos de autor

domingo, 24 de dezembro de 2017

O PAI NATAL E O LOBO

Madeira 2016/2017
MINICONTO DE NATAL

O PAI NATAL E O LOBO


O frio era intenso sobre o Ártico e a Lapónia estava coberta de gelo desde o início do mês de Dezembro.
A noite de consoada aproximava-se e a tarefa da entrega dos presentes, estava a ficar seriamente comprometida, pois o Pai Natal além de ter muita idade, também se encontrava doente com uma tremenda gripe.
Pensando em todas as crianças que esperavam a sua visita, quis ele, com muito custo, dar continuidade à sua missão, para que no dia de Natal, todos os meninos e meninas recebessem os merecidos presentes. 
Embora doente o Pai Natal, saiu de casa, atrelou as renas ao trenó e seguiu seu caminho para dar cumprimento aos pedidos que lhe tinham sido feitos pela pequenada. 
Já ia a meio da viagem, quando começou a tossir sem parar e, impossibilitado de prosseguir, encostou o trenó e fez uma fogueira para aquecer o seu corpo velho, cansado e gelado.
A tosse era muita e dificultava-lhe a concentração na lista extensa de distribuição dos presentes, facto que o obrigou a suspender a viagem e a  permanecer junto da fogueira que tinha feito, até se sentir um pouco melhor.
Foi então que apareceu um lobo e ao ver o Pai Natal a tremer de frio, despiu a sua pele, cobriu-o com ela com ternura e ficou junto dele toda a noite, para lhe fazer companhia.
Quando a madrugada apareceu, linda e brilhante como uma jóia de swarovski e com o sol a espreitar no Nascente, o Pai Natal apressado, despediu-se do lobo, subiu para o trenó, apontou as rédeas das renas e seguiu estrada fora, convicto de que já mais iria esquecer o gesto fraterno daquele simpático lobo. 
Naquela serena noite, a Paz e o Amor existente nos corações dos anjos do Céu, tinham milagrosamente descido à Terra, para ocupar e transformar o coração dos homens e de todas as criaturas do planeta, para que se amassem uns aos outros como irmãos, festejassem o aniversário do nascimento do Mestre Jesus e se fizesse Natal, no coração de todos os seres vivos existentes no Planeta Terra.

Natal / 2017  

Autora : Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor
 

sábado, 9 de dezembro de 2017

O NATAL NO DOURO

Ilha da Madeira 2016/17

CONTO DE NATAL

O NATAL NO DOURO

Na noite anterior ao dia da viagem, a família deitou-se muito cedo mal a tarde escureceu, porque  a estrada até à aldeia era feita pela serra do Marão, o que a tornava difícil, longa e demorada. 
Ainda a claridade dormia despreocupada para lá do Nascente e já a avó, o Santiago e os pais, desciam o elevador apressados para se acomodarem no automóvel e para  darem início à viagem.
Esta viagem iria demorar muito mais tempo do que as viagens das férias do Verão, porque era Dezembro e  a queda da geada transformava o alcatrão numa autêntica pista de gelo, obrigando os automobilistas a diminuirem a marcha das viaturas, para chegarem sãos e salvos ao destino.
Chegados à serra do Marão, Santiago ficou maravilhado. Era tão grande a beleza observada pelos seus olhinhos, que a sua admiração não cabia na sua tão pequenina idade.
Os pinheiros que no Verão eram verdes, estavam brancos da cor dos flocos de neve e com os ramos vergados pelo peso do gelo acumulado sobre eles.
Era uma paisagem de um autêntico conto de fadas, a serra estava toda vestida de branco parecendo uma noiva a caminho do altar.
Santiago, sem conter a alegria de ver tamanha beleza, exclamou:
- Parece um postal de Natal!…
Todos sorriram com um sorriso de confirmação do que acabavam de ouvir.
Durante todo o caminho não parou de fazer perguntas. Como era o Natal na aldeia, se em todos os lares ia haver Ceia de Natal e se todas as crianças iriam receber presentes.
Era um menino muito interessado por tudo o que o rodeava e por sua vez a avó também alimentava a curiosidade do neto com a paciência que todas as avós possuem.
O Santiago gostava de fazer perguntas e a avó orgulhava-se de responder a todas elas.
Fazia-o sem lhe ocultar nada, sempre com veracidade e sem rodeios para não criar confusões naquela cabecinha de criança pensante.
Sem lhe esconder a realidade da vida, respondeu-lhe que nem todas as crianças naquela Noite de Natal iriam receber presentes, porque alguns meninos eram tão pobres, que nem para o pão que precisavam de comer todos os dias para crescerem, os pais tinham dinheiro para lhes comprar.
Depois de muitas mais perguntas e respostas, a família chegou ao seu destino e instalou-se na casa grande da quinta, que os pais tinham herdado dos seus antepassados.
A casa estava quentinha graças a uma grande fogueira que a Maria da Graça, apesar de contar muitos anos de idade e quase todos ao serviço daquela família, tinha feito na lareira da cozinha com um grande tronco de madeira, para aquecer todos os aposentos da casa e os patrões que vinham do Porto.
A sala embelezou-a com ramos de pinheiro e azevinho e colocou num dos cantos uma braseira de cobre dourada, sobre um estrado de madeira em forma octogonal, cheia de brasas coloridas e sobre a mesa de jantar estendeu uma toalha branca de renda ornamentada com um lindo serviço de porcelana da Vista Alegre, que religiosamente era usado em dias de festa.
Na mesa também lá estavam as travessas com a aletria, com as rabanadas, com as fritas de abóbora, os sonhos dourados, o arroz doce, os pinhões e as piasquinhas de madeira para, no fim da ceia, a família se divertir com o jogo do “Rapa, Tira, Põe e Deixa”.
Era um jogo centenário, que todas as famílias do Douro jogavam na Noite de Consoada, enquanto esperavam pela hora da Missa do Galo.
Por toda a casa reinava um cheirinho a canela, vindo das guloseimas natalícias que tinham sido confeccionadas durante a tarde.
O pai tinha chegado muito cansado devido á condução difícil da viagem mas, para que não faltasse nada, entregou uma cesta de vime ao Santiago e pediu-lhe que fosse apanhar o verde musgo, para ambos fazerem o presépio.
O presépio foi feito e a sala, com aquela obra de arte alusiva ao Natal, ficou ainda mais bonita, fazendo as delícias do Santiago.
Depois da ceia, do jogo e já perto da meia noite, a avó e os pais foram à Missa do Galo para celebrarem o nascimento do Menino Jesus e Santiago, ficou em casa na companhia da empregada, à espera da hora para abrir os presentes.
Já com a paciência esgotada de tanta espera, dirigiu-se para o presépio e viu nele depositados uma bola, vários carrinhos de plástico, uma caixa de lápis de cor, uma corda de saltar, um pião de madeira envernizada e uma bicicleta com duas rodinhas na roda traseira para não cair. Estavam ali todos os presentes que tinha pedido ao Menino Jesus.
Ao ver todos aqueles brinquedos, voltou a pensar nos meninos mais pobres e correu a perguntar à empregada, se conhecia alguém que naquela noite não recebesse  prendas.
Maria da Graça olhou para ele e enternecida respondeu-lhe:
- Sim menino… eu conheço…
E levando-o até à vidraça da janela da sala, apontou-lhe uma velha casinha de madeira, enquanto lhe ia dizendo que nela residia um menino da idade dele chamado José, que vivia com a mãe  com muitas dificuldades e privações e provavelmente nem pão e nem sopa teriam tido para a ceia.
Santiago muito triste, subiu ao seu quarto, vestiu um kispo quentinho, enfiou o gorro de lã na cabeça e pegou num saco de plástico onde depositou parte dos brinquedos que estavam colocados junto ao presépio e saiu muito apressado antes que os pais e a avó regressassem da missa.
Já na rua, receoso, ainda hesitou um pouco e pensou em voltar para trás.
O frio gelava-lhe a cara e as mãos, e a escuridão também lhe provocava algum desânimo, mas o sentimento de partilha dominou-o e fê-lo prosseguir. Acompanhado pela luz do luar dirigiu-se para o caminho que o iria conduzir à casa de madeira que a empregada lhe tinha indicado.
Atravessou a rua e seguiu por um campo de terra batida sem iluminação, em direcção aquela pobre casa sem condições de habitabilidade a qual mais parecia um casebre.
Enquanto se dirigia para lá, no caminho encontrou um homem com uma coroa na cabeça que lhe perguntou:
- Para onde vais, meu menino?
Santiago receoso, respondeu-lhe com a sua vozinha trémula:
- Vou para onde as estrelas do Céu me levarem.
Exactamente como eu!… Respondeu-lhe aquela figura real, com a voz serena e ambos continuaram o seu caminho.
Mais adiante surgiu um outro homem vestido de rei, que depois de dar as boas noites, se apressou a perguntar-lhe para onde ele ia àquela hora da noite e Santiago, sem demora respondeu:
- Vou para onde as estrelas do Céu me levarem.
O homem vestido de rei olhou-o de cima a baixo e respondeu- lhe:
- Eu também vou!…
Um pouco antes de chegar a casa do José, surgiu de entre as árvores um terceiro rei que, tal como os dois anteriores, lhe perguntou onde ele ia.
Do mesmo modo e sem se fazer esperar, Santiago repetiu que ia para onde as estrelas o levassem.
Conversa puxa conversa e os três homens quiseram saber como se chamava o menino, mas antes que ele respondesse e porque eram pessoas de bem e muito respeitáveis, disseram-lhe primeiramente os seus nomes.
Um disse que se chamava Belchior, outro que se chamava Gaspar e o terceiro disse chamar-se Baltazar.
Chegado a casa do José, os reis despediram-se e continuaram a sua caminhada e Santiago ficou, bateu à porta do José, mas não obteve resposta porque o menino e a mãe já dormiam profundamente.
A porta não tinha fechadura e Santiago deitou a mão ao ferrolho de madeira que a segurava, abriu-a, entrou e colocou junto da lareira os brinquedos que levava consigo.
Logo depois, sem fazer barulho, dirigiu-se para a saída para voltar para casa antes que os pais e a avó regressassem da missa.
Santiago, durante o trajecto de regresso a casa, não cabia em si de contente, porque tinha dividido os seus brinquedos com um menino que não ia ter presentes naquela noite e que o iria confundir, com o Menino Jesus de todos os meninos.
Natal/ 2017
Autora : Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor










sexta-feira, 24 de novembro de 2017

AFAGOS DO ALÉM

Novembro 2017 - Coimbra

AFAGOS DO ALÉM

 Lá no alto!… Lá bem no alto
O sol se esconde, o luar cresce,
A lua se ruboriza
E destapa a face à vida
Fecunda de dúvidas, de contradições
E de amores desencontrados,
Que gritam no silêncio da noite
Como corações sem abrigo.
E as nuvens… ah as nuvens!…
Essas despenteiam-se
Para tirarem o brilho ás estrelas
E ocultarem as lágrimas
Que caem sobre o vento
De quem sofre em pensamento. 

Lá no alto… Lá bem no alto
As utopias também lá estão
Como se fossem verdades
Para darem vida aos sonhos,
Sonhos que foram abortados
E que á luz do dia 
Sempre se transformam em nada.
Mas o amor… Ah! O amor malogrado,
Oculta-se nas mãos desocupadas,
Nuas, frias, vazias e molhadas,
Como quem tudo teve
E agora nada tem,
Mas como são pertença
De uma alma elevada,
Vão recebendo afagos
Dos espíritos amigos
Que as observam do além. 

02-09-2017
Autora - Maria Judite de Carvalho  
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

QUANDO O MEU INVERNO CHEGAR

Chichén Itzá - México - 2015                                                                     Foto de Maria Judite de Carvalho




QUANDO O MEU INVERNO CHEGAR

Quando o meu inverno chegar…
E eu já não tiver forças 
Para amar sem ser amada,
Deixem-me serenamente partir
Acompanhada do meu ser,
Para que eu regresse serena
Á pátria que foi minha 
Antes de eu nascer.

Quando o meu inverno chegar…
Encerrem na minha última morada
Os desgostos e as desilusões,
Para que o frio da vida 
Não me perturbe na partida,
Porque eu quero partir incógnita
Tal qual como vivi
E não quero olhares distantes
Que nada sentiram por mim.

Quando o meu inverno chegar…
Cubram-me com as folhas caídas 
Do meu Outono da vida,
Que silenciosamente 
Vagueiam sem rumo
Vestidas com a cor do tempo,
Ignoradas pelas almas mortas
E pelas nuvens negras que passam
E que encerram janelas e portas. 

Quando o meu inverno chegar…
Sem sol para me sorrir,
Cobram-me com rosas de Janeiro
Sem cor e sem cheiro
E depois!… Depois deixem-me partir.
31-10-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O DIVÓRCIO

Fotografia de Maria Judite de Carvalho
Jardim do Hotel Four Views - Madeira-2016/17

O DIVÓRCIO

As lágrimas nos olhos
São uma constante,
Que descem pela face
Calmas ou velozmente
E o sentimento de amor
É transformado em desamor,
Porque se silenciam as palavras, 
Os afectos, os toques, 
Imobilizam-se os olhares,
Alteram-se os sentimentos 
E da boca… ah!… Da boca,
Saem apenas ais e prantos.

Da compreensão e da serenidade
Sai um vendaval de vento,
Que espalha dor, raios e chamas,
Da confiança nasce a desconfiança
E a vida que era feliz passou a drama.
Mas num instante…ah!…Num só instante!…
Um corre apressado e desorientado
Para os braços de outro alguém
E o outro desolado fica só e sem ninguém.

Depois!…Depois a razão acaba por vencer
E de repente!… Não mais que de repente!…
Nasce a tristeza na face do que se fez contente
E alegra-se o triste que vivia tristemente.
E de repente!… Não mais que de repente!…
Faz-se feliz o que sempre amou e era amante
E infeliz o que esqueceu o amor, 
Para viver como um errante.
18-07-2017
Maria Judite de Carvalho - Costa Reis
Reservados os direitos de Autor


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

MINHA TERRA, MEU ENCANTO

Cruzeiro no Douro/ 2015
MINHA TERRA, MEU ENCANTO  

Na espiral do tempo
Nasceu do ventre da terra
Empurrada pelo dorso 
Dum xistoso penedo multicor,
A minha pequenina aldeia
Que à noite as estrelas a iluminam
E de dia o sol lhe dá calor.

Teu olhar fica tão perto
Limitado pelos montes,
De longe ninguém te avista
Nem a tua eterna beleza,
És pequena pequenina
Vestida de verde esperança, 
Onde todos que em ti vivem
São água da mesma fonte
Que não seca e é constante.

Minha terra meu encanto,
Pequena pérola encantada,
Por vales e montes cercada
E pelos curvilíneos vinhedos,
Com cepas rugosas e tortas
Devido a tanta secura,
Te cobres com urze lilás
Prenhe de tanta saudade,
Pelos que partem para longe
E pelos que ficam em amargura.

Oh minha terra velhinha
De quem eu sou filha pródiga
Sem forças para ao teu seio voltar,
Morro longe diariamente 
Fustigada pelos invernos do tempo,
Dum tempo que não quer ser tempo,
Nem tempo para te abraçar.

05-10-2017
Autora - Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

AI SAUDADE!… AI SAUDADE!...


AI SAUDADE!… AI SAUDADE!...

Lá longe!…
Com as lágrimas das flores
Se tecem saudades de todas as cores,
Da cor dos sonhos sonhados
E de um casario velho
Fechado como um império,
Que distribui sentimentos
Sobre o leito de um rio
Que tudo leva para o mar,
Os suspiros das gaivotas,
O voo dos passarinhos,
As penas das pombas mansas
Que tristemente se olham
E choram as nossas lembranças.

Lá longe!…
O Céu veste-se de azul
Saudoso do sol distante
E das nuvens 
Que correm para o Norte
Negras de tanto querer,
Nasce a urze nos montes
Que ás vezes cresce bem torta
Para fugir á má sorte
De tão tamanha  secura
E da saudade Deus meu,
Saudade que há tanto dura.

Ai saudade!… Ai saudade!...
Despida de sonhos sonhados
E as rosas enternecidas
Vestem-se de roupa garrida,
Para alegrarem a vida
Que passa aqui a meu lado,
Ai saudade!… Ai saudade,
Ao vê-las assim coloridas,
Cheirosas e perfumadas
Aqui tão perto de mim,
Eu fico enternecida
E peço a Deus que a vida
Não pare de sorrir pra mim.

Ai saudade!… Ai saudade!…

30-07-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor

domingo, 20 de agosto de 2017

MINHA MÃE…

Fotografia de Maria Judite de Carvalho    
MINHA MÃE..

Minha mãe eu choro à noite
E rezo por ti de dia,
É no silêncio da noite
Que a dor me faz companhia.

Minha Mãe eu grito à noite,
Porque a vida me castiga,
É em mim que se abrigam
Os sofrimentos da vida.

Minha Mãe eu sofro na noite
Como um barco naufragado,
Que navega com as marés
Nas ondas deste meu fado.

Minha Mãe que me pariste
No meio de tanta dor,
Era inverno e era noite
Apesar do teu amor.

Minha mãe sofro de dia
E choro no escuro da noite
Para ninguém me ver sofrer,
Deixa-me regressar ao teu ventre,
Fora dele não sei viver.
17-08-2017

Autora, Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor

terça-feira, 8 de agosto de 2017

VOLTA PARA TRÁS Ó TEMPO

Foto tirada em Cabo Verde - 2017                                                    Foto de Maria Judite de Carvalho


VOLTA PARA TRÁS Ó TEMPO


Volta para trás ó tempo
Não perpetues o meu sofrer,
Volta até eu ser pequenina,
Quando inocente menina, 
Sentada no colo materno 
Eu esperava crescer.

A vida me foi madrasta  
Me fez incompreendida,
Na curva da minha estrada
Sem amor e sem guarida,
Fizeste de mim amarga
Fizeste de mim mendiga.

Volta para trás ó tempo,
Deixa-me ser pequenina
Não quero mais ser mulher,
Adulta de negro vestida,
Na solidão me perdeste
E no amor que esqueceste
Tornaste meus dias noites
E as noites, noites são,
Na estrada da minha vida
Somaste desilusão.

Volta para trás ó tempo,
Já não sei como, nem onde ir,
Deixa-me ser pequenina,
Voltar a ser a menina
Que de olhar terno e inocente
E de lábios sempre a sorrir,
Via um mundo florido
Com as cores do arco-íris.
10/2010
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de Autor


domingo, 9 de julho de 2017

PRECISO DE AMOR

Foto de Maria Judite de Carvalho




PRECISO DE AMOR


Soltem o tempo, a noite e o dia
E parem os relógios,
Eu preciso de amor!…
De amor persistente e constante
Que a vida teima em negar
E que só em mim persiste
E nos outros se apaga ou não existe.

Destruam toda a carência de amor
Que existe na Terra,
Calem os sons do fado
Que despertam a saudade
E entristecem a existência
Como se o amor fosse um pecado.

Rasguem os poemas de desamor
E os romances de vidas infelizes
Que perturbam as minhas raízes,
Acabem com os espinhos coloridos
Das rosas nos jardins
E com o latir dos animais famintos,
Atirem-lhes com comida 
E sorrisos com abundância,
Para lhes saciar a fome
E a sede de amor
Que os persegue desde a nascença.

Façam-me renascer
Num novo mundo,
Embrulhem-me em lençóis
De amorosa poesia 
E em cânticos felizes
Dos passarinhos nos ninhos,
Tragam-me um berço 
Para me embalar
Com almofadas de afagos 
E lençóis brancos de amor 
Para eu adormecer, 
E depois!…
Depois… deixem-me morrer.


13-06-2017
Maria Judite de Carvalho 
Reservados os direitos de autor