RIO DOURO DOS MEUS ENCANTOS
Lá vai o Douro poeta,
Desde a nascente até á Foz
Deslizando as suas águas
Devagar… devagarinho,
Vai sonhando acordado
Fazendo rimas e versos,
Enquanto admira os socalcos
E a beleza do seu caminho.
São de incomparável encanto
As margens da tua existência,
Que fazem de ti Rio Douro
Um austero lavrador
Que muito ama os seus amores,
Afectuoso, meigo e altivo,
Que não sai do trem da vida
Para não trair o destino.
Oh Rio Douro majestoso,
Obra criada por Deus,
Para desflorares as paisagens,
Belas, virgens e sonhadoras,
Que também foram o encanto
Das meninas dos olhos meus,
Foste a minha janela para a vida,
Onde lancei meus barquinhos de papel,
Quando eu era pequenina.
És criador de poetas,
De boa gente e bom vinho,
Caminhas por entre montes e vales
Agarrado às tuas raízes,
Sem te desviares dos teus vinhedos
E das curvas do teu caminho,
Como um sénior e respeitado lavrador,
Que é dono e senhor
Da sua honra e do seu domínio.
Ó Rio Douro velhinho,
Que ziguezagueas
Da nascente até à Foz,
Carregas histórias passadas,
Desde os rabelos tão frágeis,
Aos barcos de grande porte,
Pelo teu leito navegados.
Tuas águas tão profundas,
Vencidas e dominadas
Pelas enormes barragens
E por homens corajosos
Que tua fúria venceram
E as mulheres… as mulheres,
Donas de uma força tamanha,
Feitas de xisto e granito,
Trabalham os íngremes socalcos,
Barrentos e empedrados,
Com a força dos seus braços,
Com a força do seu grito.
Ó Rio Douro dos meus encantos,
Construtor dos sonhos meus
E também da minha poesia
Que a tua saudade me deu.
13-03-2021
Poema de Maria Judite de Carvalho
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