Na companhia dos meus pensamentos,
Descobri que já vivi mais
Do que tenho para viver,
Porque o meu tempo futuro
É muito mais curto
Do que o meu tempo passado,
Descobri também
Enquanto olhava a rua,
Os passos involuntários
De quem por ali passava,
Passavam com um caminhar inseguro,
Desleixado, sem vida e amansado.
Descobri …
Que já não tenho tempo,
Não tenho tempo para perder,
Com a mediocridade,
Com a ignorância, com a falsidade
E nem para suportar
A infantilidade de gente velha,
Que não soube envelhecer,
Porque não tenho tempo a perder
Com momentos fúteis,
Com coisas banais,
Com gente para quem o tempo
Não quis ser tempo para crescer,
Cresceram sem conteúdo,
Sem valores, ocos e nada mais.
Eu já não tenho tempo!…
Não tenho tempo para amar,
Para amar quem não merece
E me provoca suspiros e ais
E porque nunca soube amar,
Trocou-me na caminhada
Por amores fúteis e banais.
Eu já não tenho tempo!…
Tempo para desperdiçar
Com mentes loucas
E distorcidas,
Que veem apenas,
O que lhe convém ver
E que passaram pela vida
Sem nada aprender.
Eu já não tenho tempo!…
Não tenho muito tempo
Para sofrer,
Porque muito eu já sofri
No longo tempo passado,
Mas quando eu partir!…
Ah… quando eu partir,
Irei contente e a sorrir,
Por me afastar da mediocridade,
Da falsidade, da ingratidão,
Do sofrimento sofrido
E daqueles que me esqueceram
Sem nunca os ter esquecido.
Já não tenho tempo!…
Eu já não tenho muito tempo.