LÁ LONGE
Lá longe a chuva cai,
O vento sopra as folhas caídas no chão
E o inverno da vida bate nas vidraças
Frágeis e transparentes,
Sempre prontas a denunciarem
O que falta de bom
E o que abunda de mau,
Dão ênfase ás saudades do passado
E trazem a esperança desesperançada.
Lá longe!…O frio gela a alma
E a faz sangrar palavras escritas
Que se finam na boca como loucas,
Por não terem sido ditas.
Lá longe!…A manhã acorda chuvosa,
À tarde a porta se fecha
E a escuridão se enclausura,
Para murchar uma flor que não floresce
E as fontes… ah as fontes,
Essas não secam
E molham os sentimentos
Sempre que a noite acontece.
Lá longe…lá muito longe
Onde o presente é passado
E eu daqui deste lado
Com a vida a render-se ao destino,
Á espera que num sopro
Se faça sol no caminho.
Portimão, 24-10-2016
Poema de Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor.