CÂNTICO CINZENTO
Nunca tive tempo para mim,
Porque sempre o ofertei aos outros
E quanto mais eu dava à vida,
Mais a vida me exigia
Sem dó pela minha fadiga.
Os anos passaram e agora…
Agora olho para eles
Cheia de extremos cansaços
E cruzo com lentidão os meus braços,
Demonstrando os meus cansaços.
Já não canto cânticos tristes e cinzentos,
Cheios de contrariedades e lamentos,
A minha glória... a minha glória
É ter vontade própria,
Igual à que tive quando nasci
E no peito da minha mãe
Me alimentei do seu leite,
Para crescer e estar aqui.
Agora... agora nada faço
Que contrarie a minha vontade
E para não ter que calar o meu Eu,
Deixo a minha submissão
Colocada numa prateleira
E ergo à minha decisão
Uma bandeira,
Porque agora!…
Agora que o tempo passou,
É a minha vontade
A minha vitória
Que está dentro de mim
E mesmo que me digam,
Não vale a pena,
Não caminhes por aí,
Eu prontamente respondo:
- Para mim…sim para mim...
Para mim sempre vale a pena,
Porque eu quero assim.
5-07-2018
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