POR QUE MOTIVO, JUDITE
Por que motivo Judite!…
Que tudo acabou,
Os amigos se foram
E ninguém mais voltou,
Os filhos não chegam,
Mas a noite chegou,
Os olhos não riem,
Porque a alegria se foi
E depois do outono
O inverno chegou
E teu corpo gelou.
Por que motivo, Judite!..
Que estás tão sozinha,
Tão triste e perdida
Num mundo que não é teu,
Vais escrevendo poesia,
Rimada com a tristeza
Que a vida sempre te deu.
Por que motivo, Judite!…
Vives só como a lua
Tão sozinha sem ninguém,
Nesta vida tão perdida,
Neste mundo desolada,
Porque amaste sempre sozinha,
Sem nunca teres sido amada.
Por que motivo, Judite!…
Tuas lágrimas se esgotaram
Já ninguém te vê chorar,
Já ninguém ouve os teus ais
E porque tua voz calaram
Também não consegues sorrir
Porque alegria não tens,
A idade já é muita
E a morte não lá vem!..
Por que motivo, Judite!…
Chegaste ao fim da linha,
Esperas outro destino
No banco da estação,
Nada trouxeste na bagagem,
Não te saudaram à chegada,
Nada te deram na vida
E nada levas na partida.
Por que motivo, Judite!…
Que ninguém te bate à porta
E ninguém já quer bater,
Tua porta se fechou,
Tuas paredes desmoronaram
E a janela não se abre
Porque a vida a encerrou.
E agora Judite!…
E agora Judite.
17-07-2020
Poema da Maria Judite de Carvalho
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