Foto de Maria Judite de Carvalho
TU JÁ NASCESTE MORTO
Se os teus olhos se cansam
De procurar o céu na terra
E de encontrar nos perdidos
O amor e os sorrisos,
De olhar a beleza das flores,
A inocência das crianças,
A altivez das serras,
A extensão das planícies,
De reconheceres a diferença
Entre uma pedra pequena
E um grande pedregulho,
Que te acidenta na estrada
Agarrado ao teu orgulho,
Se não vês as ondas do mar
Mansas ou revoltadas,
Com os peixes inofensivos
A nadar muito felizes
E se não ouves as gaivotas
Gritarem na terra ou no ar,
Chamando a felicidade
Difícil de alcançar,
Se não calas os ruídos,
Ofensivos, infindos e imprecisos,
Que poluem a tua mente
E fazem dela demente,
Se vives na noite escura
E nada fazes para ser dia,
Se não ouves as respostas
Sejam serenas ou loucas,
Das perguntas por fazer
Que sempre calas na boca,
Se deixas de seres quem és,
Para seres quem querem que sejas
Mesmo que não seja certo
E te virem do avesso,
Se nunca viste o sol,
Mas apenas o que ele ilumina
E se para ti o caminho reto,
Não pode um dia ser torto,
Então…oh!…Então,
Não tenhas medo da morte,
Porque já nasceste morto.
15-12-2021
Poema de Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pela visita. Agradeço o seu comentário.