AGORA DEIXEM-ME EM PAZ
Agora… deixem-me em paz!
Porque já me aposentei dos conflitos,
Das mágoas, dos desenganos
E das preocupações.
Habituei-me a viver
No canto do meu outono sem vós,
Privada de tudo
E privada de ter voz.
No outono da vida
Fecharam-se meus olhos
E deixei de ver as estações do ano,
Deixei de viver os desenganos
E de sofrer com as folhas
Que voam dos galhos
E aterram envelhecidas na terra,
Vencidas e amarelas.
Agora… agora deixem-me em paz!
Já nada peço, já de nada preciso
E já nada quero,
Estou insensível como o gelo
Que se forma no inverno.
Agora… agora deixem-me em paz!
Mergulhada neste frio agreste
E na companhia das recordações
Feitas de granito,
Que sempre abracei submissa
Mas que nunca me habituei
E por isso…
Por isso sempre as sofri e chorei.
Agora… agora deixem-me
Em paz!…
Porque a vida para mim…
Já tanto me faz!…
02-01-2022
Autora Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de autor
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