NOITE
Minha irmã noite!…
Minha negra noite!…
Tu chegaste sem te ires,
Depois de todos partirem
E de apenas ficarmos nós,
Minha perpetua companheira!…
Tu e eu inseparáveis
Sempre muito agarradas,
Como gémeas siamesas
Que vivem no mesmo corpo,
Em pensamentos
Que são só nossos,
Mergulhados em solidão,
Caminhamos lado a lado
À procura das estrelas,
Cumprindo o mesmo fado
Cumprindo a mesma punição.
Minha irmã noite!…
Minha negra noite!…
Minha alma é como a tua,
Tão negra e sem alvura,
Ás vezes vestida de tristeza
E de alegria sempre nua,
Sem luz, sem desejos,
Sem amor e sem beijos,
Vegetando abandonadas,
Sem sorrisos e sem nada,
Mas ás vezes…
Oh!…Às vezes,
Que são muitas e demais,
Somos donas
Dos nossos penosos
Pensamentos,
Dos nossos lamentos,
Das nossas lágrimas,
Dos nossos suspiros,
Dos nossos ais,
Das nossas desilusões
E de nada mais.
13-07-2017
Poema de Maria Judite de Carvalho
Reservados os direitos de Autor